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O fim da violência e o respeito aos cidadãos


Não se aprende a odiar, fazer mal, roubar, agredir ou matar alguém de um dia para o outro. Todas essas formas de violência são adquiridas em um processo de aprendizagem lento, possibilitado pela cultura da violência instalada no país e no mundo. E é essa cultura da violência que somos chamados a mudar. Em 2005 a Campanha da Fraternidade propõe unir forças entre as igrejas, organizações não-governamentais, movimentos populares e os governos para construir uma cultura diferente. Uma cultura de paz. Com o tema "Solidariedade e Paz", e lema "Felizes os que promovem a paz", a Campanha já é uma iniciativa solidária na construção da cultura de paz proposta pelo Conic (Conselho de Igrejas Cristãs no Brasil) porque une diferentes igrejas, organizações e governos. Sem dúvida, o ato de respeitar as diferenças e mobilizar uma campanha como essa é uma grande prova de que é possível construir uma cultura de paz, com gestos e ações solidárias e, sobretudo, unidade. Para combater a cultura da violência, a Campanha da Fraternidade 2005 nos convida a entender que, no Brasil, a violência não se dá somente por assaltos, roubos, seqüestros, crimes ou assassinatos. Aqui, infelizmente, a cultura da violência é mais complexa, tem raízes nas ações políticas e sociais. A população sofre a agressão à dignidade humana. Na verdade, a população sofre a violência da desigualdade social, do desemprego, do racismo, do preconceito, da falta de saúde, moradia, educação. Enfim, o povo brasileiro é agredido por uma política e uma cultura que não respeitam os direitos básicos do cidadão, e é isso que, em geral, dá origem à violência física. A violência cometida pela arma de fogo, por exemplo, é a que mais aparece e tem origem clara e comprovada nas regiões onde a falta de respeito à dignidade humana é maior. Em todo o país, a violência por arma de fogo é o quinto problema que mais aflige a população. Segundo a ONU, os brasileiros correm quatros vezes mais riscos de morrerem atingidos por uma arma de fogo do que a população dos outros países. São índices, infelizmente, muito negativos. Mesmo tendo apenas 3% da população do planeta, o país tem 11% do número de homicídios por armas de fogo no mundo e, mais uma vez, infelizmente, esses dados estatísticos apresentam o maior número de mortes por armas entre os jovens. Isso indica que a violência física se apresenta em maior intensidade onde o desrespeito aos direitos dos cidadãos é maior. Não basta combater a violência física, não basta desarmar a população, não basta fazer valer as leis de segurança, não basta prender os criminosos se não pararmos de incentivar a criminalidade. Combater a cultura da violência é combater o desrespeito aos direitos humanos, é combater a desigualdade social, a miséria, a exclusão, a falta de educação, de saúde e moradia. Combater a cultura da violência é fazer valer a dignidade humana. Cloves Reis é jornalista, coordenador administrativo da ACAT-Brasil (Ação dos Cristãos para Abolição da Tortura) e colaborador do jornal O Trecheiro - Notícias do Povo da Rua.Autor/Fonte: Agencia Carta Maior



Ações: Conflitos Fundiários

Eixos: Terra, território e justiça espacial