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Oficial da PM é preso acusado de incitar a violência no campo


A Polícia Federal (PF) prendeu ontem o tenente-coronel da Polícia Militar, Waldir Copetti Neves, e mais cinco policiais militares, sendo três ex-integrantes do grupo Águia (serviço de inteligência da PM), acusados de formar milícias armadas para proteger fazendas em áreas de conflito no estado. Outros dois trabalhadores sem-terra foram detidos na "Operação Março Branco". As prisões ocorreram em Curitiba, Ponta Grossa e Cascavel, através de mandados emitidos pela Justiça Federal de Ponta Grossa. Os presos são o ex-policial militar Adair João Sbardella, os militares da reserva Ricardo José Derbes, José Valdomiro Maciel, João Della Torres Neto e Nereu Pachoal Moreira, além dos sem-terra Silvana Araújo de Almeida e Carlos Ney Ferreira.O grupo é suspeito de formação de quadrilha, tráfico internacional de armas e violação de direitos humanos. Segundo investigações da PF, feitas em conjunto com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e os serviços de inteligência das polícias Civil e Militar, a suposta quadrilha que seria comandada por Neves é bem maior (outras prisões podem ser decretadas) e estaria envolvida em mais crimes. Financiadas por ruralistas, as milícias atuavam em todo o Paraná e chegaram a se infiltrar no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). O tenente-coronel Neves tem um histórico de fatos violentos registrados nos últimos 12 anos, quando pessoas foram assassinadas durante reintegrações de posse feitas pela Polícia Militar. Em uma delas, o líder sem-terra Diniz Bento da Silva, o Teixeirinha, foi morto. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Neves também coordenou várias ações violentas na Região Noroeste do estado, entre os anos de 1997 e 2001, quando comandou o policiamento do interior no governo Jaime Lerner. Além disso, "o oficial pediu à Justiça autorização para fazer escuta telefônica de integrantes do MST e depois teria passado o material à imprensa para tentar desmoralizar o movimento", informou nota da CPT. Investigação As investigações duraram dois anos e correram em sigilo. De acordo com o superintendente da PF no Paraná, Jaber Makul Saad, "a organização era mantida pelos fazendeiros para proteção das fazendas e para a possível retirada de invasores de terras". O tenente-coronel da PM foi preso no início da manhã, em sua casa, em Curitiba. Junto com ele também foram encontradas armas de fogo. No total, a polícia apreendeu 16 armas de fogo além de outros materiais como recibos, fotografias, equipamentos de rádio, três veículos e binóculos para vigilância. Segundo o secretário Luiz Fernando Delazari, da Sesp, o grupo foi criado para atuar no campo, fazendo trabalho de pistoleiro e usando o máximo rigor em reintegrações de terra. "As prisões foram realizadas para evitar uma ação amanhã (hoje) no acampamento de sem-terra em Ponta Grossa, onde o tenente-coronel tem uma propriedade de 22 alqueires que sequer a posse está comprovada", disse. Denúncias de que outros policiais militares estejam envolvidos no esquema estão sendo investigadas. "Há o comprometimento muito grande de algumas estruturas e que, com o tempo, irão ser afastadas", disse. De acordo com Delazari, a polícia ainda está investigando casos de homicídios que podem ter sido cometidos por integrantes do grupo. Outro lado O advogado Cláudio Dalledone Júnior, defensor de Neves, afirmou que o seu cliente está muito nervoso com a situação e reclamou da demora para ter acesso ao inquérito. Ele disse ainda que foi impossibilitado de ter um contato reservado com o seu cliente. "Fiquei mais de uma hora aguardando e não consegui ter um contato reservado, apenas acompanhado com outros delegados da Polícia Federal", disse. Dalledone nega o envolvimento de Neves na organização criminosa. "Ele é um coronel da PM respeitadíssimo. Um cumpridor da lei, jamais iria se envolver com milícia armada", disse. Os advogados dos outros suspeitos foram procurados, mas não foram localizados pela reportagem da Gazeta do Povo. O ex-governador Jaime Lerner não foi localizado para falar sobre o assunto. Ele está em viagem no exterior e não tem assessor de imprensa no momento. A Polícia Federal (PF) prendeu ontem o tenente-coronel da Polícia Militar, Waldir Copetti Neves, e mais cinco policiais militares, sendo três ex-integrantes do grupo Águia (serviço de inteligência da PM), acusados de formar milícias armadas para proteger fazendas em áreas de conflito no estado. Outros dois trabalhadores sem-terra foram detidos na "Operação Março Branco". As prisões ocorreram em Curitiba, Ponta Grossa e Cascavel, através de mandados emitidos pela Justiça Federal de Ponta Grossa. Os presos são o ex-policial militar Adair João Sbardella, os militares da reserva Ricardo José Derbes, José Valdomiro Maciel, João Della Torres Neto e Nereu Pachoal Moreira, além dos sem-terra Silvana Araújo de Almeida e Carlos Ney Ferreira. O grupo é suspeito de formação de quadrilha, tráfico internacional de armas e violação de direitos humanos. Segundo investigações da PF, feitas em conjunto com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e os serviços de inteligência das polícias Civil e Militar, a suposta quadrilha que seria comandada por Neves é bem maior (outras prisões podem ser decretadas) e estaria envolvida em mais crimes. Financiadas por ruralistas, as milícias atuavam em todo o Paraná e chegaram a se infiltrar no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). O tenente-coronel Neves tem um histórico de fatos violentos registrados nos últimos 12 anos, quando pessoas foram assassinadas durante reintegrações de posse feitas pela Polícia Militar. Em uma delas, o líder sem-terra Diniz Bento da Silva, o Teixeirinha, foi morto. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Neves também coordenou várias ações violentas na Região Noroeste do estado, entre os anos de 1997 e 2001, quando comandou o policiamento do interior no governo Jaime Lerner. Além disso, "o oficial pediu à Justiça autorização para fazer escuta telefônica de integrantes do MST e depois teria passado o material à imprensa para tentar desmoralizar o movimento", informou nota da CPT. Investigação As investigações duraram dois anos e correram em sigilo. De acordo com o superintendente da PF no Paraná, Jaber Makul Saad, "a organização era mantida pelos fazendeiros para proteção das fazendas e para a possível retirada de invasores de terras". O tenente-coronel da PM foi preso no início da manhã, em sua casa, em Curitiba. Junto com ele também foram encontradas armas de fogo. No total, a polícia apreendeu 16 armas de fogo além de outros materiais como recibos, fotografias, equipamentos de rádio, três veículos e binóculos para vigilância. Segundo o secretário Luiz Fernando Delazari, da Sesp, o grupo foi criado para atuar no campo, fazendo trabalho de pistoleiro e usando o máximo rigor em reintegrações de terra. "As prisões foram realizadas para evitar uma ação amanhã (hoje) no acampamento de sem-terra em Ponta Grossa, onde o tenente-coronel tem uma propriedade de 22 alqueires que sequer a posse está comprovada", disse. Denúncias de que outros policiais militares estejam envolvidos no esquema estão sendo investigadas. "Há o comprometimento muito grande de algumas estruturas e que, com o tempo, irão ser afastadas", disse. De acordo com Delazari, a polícia ainda está investigando casos de homicídios que podem ter sido cometidos por integrantes do grupo. Outro lado O advogado Cláudio Dalledone Júnior, defensor de Neves, afirmou que o seu cliente está muito nervoso com a situação e reclamou da demora para ter acesso ao inquérito. Ele disse ainda que foi impossibilitado de ter um contato reservado com o seu cliente. "Fiquei mais de uma hora aguardando e não consegui ter um contato reservado, apenas acompanhado com outros delegados da Polícia Federal", disse. Dalledone nega o envolvimento de Neves na organização criminosa. "Ele é um coronel da PM respeitadíssimo. Um cumpridor da lei, jamais iria se envolver com milícia armada", disse. Os advogados dos outros suspeitos foram procurados, mas não foram localizados pela reportagem da Gazeta do Povo. O ex-governador Jaime Lerner não foi localizado para falar sobre o assunto. Ele está em viagem no exterior e não tem assessor de imprensa no momento. Autor/Fonte: Gazeta do Povo - 06/04/2005



Ações: Conflitos Fundiários

Eixos: Terra, território e justiça espacial