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CPT lança Conflitos no Campo Brasil 2004


A obra é editada anualmente pela CPT desde 1985 e, em 2002, ela foi reconhecida como publicação científica pelo Instituto Brasileiro de Informação e Ciência e Tecnologia (IBICT). Participaram do evento, realizado na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, camponeses, a viúva de Nelson dos Santos, fiscal morto em Unaí (MG), e pessoas que na defesa dos direitos dos trabalhadores rurais receberam ameaças de morte. Os dados foram apresentados por Dom Tomás Balduino, presidente da CPT; Antônio Canuto, secretário nacional da entidade, José Batista e Isidoro Revers, da Coordenação Nacional.Número de conflitos no campo é o maior dos últimos 20 anos de registro O assassinato de Irmã Dorothy Stang - agente da Comissão Pastoral da Terra -, em 12 de fevereiro deste ano, escancarou para a sociedade brasileira, e para aqueles que ainda teimam em não querer ver, a realidade de violência no campo brasileiro. Os dados de 2004 deixam claro que os conflitos e a violência se mantêm em patamares elevados. No ano passado foram registrados 1.801 conflitos, o maior número destes 20 anos de pesquisa, envolvendo 1.083.232 pessoas (número só inferior a 2003 e 1998). Em média, no Brasil, um a cada 29,4 habitantes de área rural esteve envolvido em conflitos rurais em 2004. A análise dos números revela ainda que os índices de conflitividade (número dos conflitos em relação ao número da população rural) são maiores onde se dá a expansão do agronegócio, notadamente nos três estados da região Centro-Oeste. Apesar de em 2004 os assassinatos, 39, representarem uma queda expressiva, de 46,6%, em relação a 2003, quando se registrou 73, o ano passado foi especialmente violento, marcado por dois brutais massacres em Minas Gerais: O dos fiscais do Ministério do Trabalho, em Unaí, e de cinco sem-terra em Felisburgo. Em parte, pode-se também atribuir a estes massacres o crescimento no número de manifestações, 712, um aumento de 49,3% sobre o ano anterior. Os massacres de Minas levaram Frei Gilvander, assessor da CPT, e Marcelo Rezende, ex-presidente do Incra, a analisarem a realidade agrária do Estado que provocou tais tragédias. Poder Judiciário Os dados de 2004 também mostram crescimento na violência do poder privado, quanto ao número de famílias expulsas, 5,4% maior que em 2003. Mas é a violência do Poder Público, do Judiciário, que tem aumentado em intensidade nestes dois anos do governo Lula. Um aumento de 10,8% no número de prisões, 421 presos, e de 5,5% no de famílias despejadas, 37.220, o maior número desde que a CPT começou a efetuar os registros. Uma família, em cada 5.8 envolvidas em conflitos, recebeu ordem de despejo. "É como se o Poder Judiciário tivesse caminhado na direção contrária ao recado que veio das urnas nas eleições de 2002", afirma o prof. Carlos Walter. Conflitos pela água Quando a transposição do rio São Francisco tenta ser empurrada goela abaixo dos brasileiros e brasileiras, contra a opinião abalizada de técnicos e cientistas e daqueles que convivem no dia-a-dia com o grande "rio da integração nacional", os conflitos em torno à água crescem e são graves, sobretudo os relacionados à construção de barragens. De 8 conflitos registrados em 2002, passou-se a 20 em 2003 e agora, em 2004, a 59. O governo tem mostrado muita determinação em desapropriar áreas que são entregues a empresas particulares para a construção de barragens, e que, quase sempre, atingem famílias humildes. Mas não tem mostrado a mesma disposição em desapropriar áreas para a Reforma Agrária. Com esta edição de Conflitos no Campo Brasil 2004 está se abrindo um novo espaço, o do intercâmbio de experiências, começando agora entre a CPT e a Pastoral da Terra Interdiocesana da Guatemala, que enviou informações sobre a realidade agrária guatemalteca. Mais informações: http://www.cptnac.com.br Autor/Fonte: CPT Nacional



Ações: Conflitos Fundiários, Defensores e Defensoras de Direitos Humanos

Eixos: Terra, território e justiça espacial