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Movimentos pedem ao governo posição sobre investigação dos EUA ao MST


O MST de Pernambuco convocou a imprensa e os movimentos sociais para uma manifestação pública em relação a denúncia, publicada no Jornal do Commercio do último domingo, sobre investigação feita por representantes do governo dos Estados Unidos sobre o Movimento. A denúncia foi feita pela Superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) Maria de Oliveira, que teria sido procurada para informações sobre as mobilizações do MST e uma suposta presença das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia em Pernambuco.Diversas entidades, movimentos sociais, organizações não governamentais e parlamentares demonstraram preocupação com o ocorrido e prestaram solidariedade ao MST. Entre os presentes foi unânime o pedido ao governo brasileiro que se posicione e exija explicações sobre o fato, e que o Cônsul do país em Recife, Paul Swavely, se explique acerca do ocorrido. Deputados membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Estadual da Terra colocaram também que poderão convocar o Cônsul para depor. Veja abaixo a carta conjunta assinada por diversos movimentos sociais presentes a manifestação. Carta à sociedade brasielira Nós que fazemos os movimentos sociais do Estado de Pernambuco, viemos através da carta presente mostrar nossa indignação contra as atitudes mesquinhas dos Srs. Peter Swavely, cônsul do EUA no Estado e Richard Thomas Reiter, segundo secretário para Assuntos Políticos da Embaixada dos EUA em Brasília. Segundo denúncias publicadas no Jornal do Comércio de 24 de abril de 2005 feitas pela Superintendente do INCRA em Pernambuco, Maria de Oliveira, no dia 10 de fevereiro do corrente ano, os representantes dos EUA se encontraram com a mesma a fim de colherem informações detalhadas sobre o chamado "abril vermelho", jornada de lutas desenvolvida no mês de abril pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Maria Oliveira denuncia ainda que os representantes americanos tinham como principal objetivo, obterem informações sobre possível participação de membros das FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia nas ocupações de terra. A atitude dos Senhores Peter Swavely e Richard Thomas Reiter fere frontalmente a nossa soberania e se caracteriza como um atentado cabal contra os Movimentos Sociais do Brasil que tecem nas suas lutas a esperança de uma sociedade com justiça social e igualdade para todos. Não é a primeira vez que o Brasil é humilhado por embaixador de EEUU. Na ditadura militar os Estados Unidos mantinham dezenas de cônsules na cidade de Recife para monitorar os grupos populares. No governo anterior a este, a representante do governo de EEUU, desaforou o governo brasileiro. Ficou por isso mesmo. Poderíamos citar muitos outros desaforos que o Brasil levou - como o ministro brasileiro que foi obrigado a tirar o sapato em público, justamente no país que agora nos faz este ultraje. Esses senhores não aceitam que a luta pela terra em nosso País é fruto de uma demanda reprimida de 500 anos de exploração de nossa gente pelos representantes do capitalismo internacional e que hoje, a luta pela terra caracteriza-se como a expressão mais viva dos que se indignam contra a absurda concentração de terras nas mãos de poucos privilegiados. A ingerência dos EUA em assuntos internos do Brasil faz parte da práxis americana que ao longo da história impôs sua política através de seu poder belicista. Através da força bruta (seja militar ou econômica) os ideais neoliberais se impõem ao mundo e os que não bebem a bom gosto nesta fonte passam a ser tratados como inimigos. Foi assim na Bósnia, no Afeganistão, na Coréia, no Panamá, na África do Sul, no Iraque. É assim que se planeja para a Venezuela, Cuba e até para o Brasil. A ganância do império é permanente e sistemática. Tudo é apenas uma questão de tempo e de conveniência. Depende tão somente da vassalagem que alguns governos exercem em relação aos EUA. A OMC, O FMI, O BIRD, NAFTA, ALCA, são instrumentos a serviço do império, prontos para impor suas vontades a qualquer País do planeta terra. A visita ao Brasil da poderosa secretária americana de Estado Condoleeza Rice e suas viagens por outros países das Américas do Sul e Central, marca mais uma etapa de retomada dessa ofensiva imperialista. As investigações contra o MST representa uma afronta aos ideais da liberdade, da democracia e da autonomia brasileira e sobretudo, de todos os movimentos sociais que acreditam que UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL. O governo brasileiro não pode ficar calado e virar as costas para o caso fingindo que nada aconteceu. Queremos um posicionamento oficial urgente sobre o assunto. Os movimentos sociais irão cumprir o seu papel denunciando internacionalmente este absurdo. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) Coordenação do Fórum Social Nordestino (FSN) Central Única dos Trabalhadores (CUT) Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Sindicado dos Metalúrgicos de Pernambuco Sindicato dos Metroviários de Pernambuco Sindicato dos Bancários de Pernambuco Movimento dos Trabalhadores Cristãos E diversas outras entidades, movimentos sociais e organizações não governamentais Autor/Fonte: MST Nacional (www.mst.org.br)



Ações: Defensores e Defensoras de Direitos Humanos

Eixos: Política e cultura dos direitos humanos