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Tabaco perde terreno na lavoura


O Brasil será responsável por quase 800 mil toneladas, sendo considerado hoje o segundo maior produtor, atrás apenas da China, cuja produção dever atingir 2 milhões de toneladas. No entanto, nos últimos anos o mercado mundial do tabaco vem apresentando redução da produção. Em relação a safra de 2001/02 o volume produzido sofreu queda de 10,2%, e em comparação a 1994/95, a redução foi de 19,5%. O levantamento é do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).Diante dessa realidade, os fumicultores estão discutindo toda a cadeia do setor, que vê como fundamental a diversificação das atividades. Mas para isso, dependem de ações governamentais que possam garantir melhores preços e autonomia para os produtores. Assim como, defendem a ratificação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco -trata-se de um tratado internacional na área de saúde, negociado pela Organização Mundial da Saúde, que entrou em vigor em fevereiro deste ano. O Brasil já assinou o tratado mas ainda não o ratificou. De acordo com o presidente do Departamento de Estudos Sócio-Econômicos Rurais (Deser) e coordenador estadual da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf/Sul), Marcos Rochinski, o Brasil tem peso mundial na convenção, pois além de participar de todas as discussões para a elaboração do texto da convenção e aplicar medidas de controle do tabagismo, mantém a liderança nas exportações desde 1993 - hoje 80% do fumo produzido é exportado. "A ratificação teria um peso muito grande no mercado mundial, já que o maior exportador e segundo maior produtor estaria assumindo a postura de redução no consumo", ponderou Rochinski. Aliado a isso, ele entende que os produtos poderão ser beneficiados com recursos de fundos mundiais que ajudariam diversificar ou sair da atividade. "Se o Brasil não ratificar, o território fica livre para as indústrias multinacionais, que controlam o setor, a ampliarem sua dominação", falou. Briga política Para a integrante da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, do Ministério da Saúde, Tânia Cavalcanti, a ratificação do Brasil funcionará como uma espécie de proteção para os produtores, já que a queda no consumo irá automaticamente reduzir a produção. "E se o Brasil não estiver dentro não poderá partilhar dos recursos para ajudar a cadeia", falou. A ratificação do País no acordo depende de análise do congresso nacional, e Tânia entende que o que vem sendo divulgado contrariamente a essa postura - como aumento do desemprego no setor - é uma contra-informação feita pela multinacionais que não têm interesse no tema. Seminário discute o setor em Curitiba O futuro da fumicultura no Brasil está sendo discutido em um seminário que começou ontem (08/07) em Curitiba, promovido pela Fetraf/Sul e Deser. Hoje no final do evento será elaborado um plano de ação para o setor no País. Entre as questões que serão discutidas estão a ratificação da Convenção-Quadro e crédito rural. A região Sul concentra quase a totalidade da produção de fumo brasileira (96%). Segundo o IBGE a cultura do fumo está presente em 682 municípios, atingindo cerca de 40 mil famílias no Paraná. Segundo o presidente do Deser e coordenador da Fetraf/Sul, Marcos Rochinski, todos os anos as famílias estão tendo redução na sua renda devido a dependência das indústrias. "Elas estabelecem regras, que vão desde o preço da comercialização até o pacote tecnológico", disse, acrescentando que eles esperam uma intervenção do governo nessa relação. Uma das medidas defendidas pelo setor é a mudança em uma portaria do Ministério da Agricultura que define a classificação do produto, passando de 48 para cerca de 16. Essa classificação, segundo Rochinski, acaba rebaixando em 20% do valor da produção. Em relação ao crédito rural, Marcos Rochinski destacou que pela primeira vez o Pronaf Investimento estará atendendo os fumicultores que queiram investir em outras atividades produtivas, que representem mais de 20% da renda colhida na propriedade familiar, tendo a possibilidade de usar a receita do fumo para pagar o financiamento. "Avançamos no crédito para investimento, mas defendemos uma linha voltada para a diversidade da propriedade", finalizou. Autor/Fonte: Rosângela Oliveira / O Estado do Paraná




Eixos: Democratização da justica e garantia dos direitos humanos