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Militantes do MST são agredidos por fazendeiros liderados pela Sociedade Rural de Cascavel


Ainda dentro dos ônibus, na estrada Cascavel/ Foz de Iguaçu, foram parados quilômetros antes do destino por um bloqueio da Sociedade Rural Oeste (SRO), liderados por seu presidente Alessandro Meneghel. Os participantes da Jornada da Educação tiveram que descer dos veículos e atravessar a pé para estrada paralela, momento em que alguns teriam sido atingidos por pauladas. Agora, eles esperam, a poucos metros do local, a liberação dos ônibus para seguir viagem. Por volta das 15h40, os veículos dos sem-terra permaneciam ainda parados no bloqueio.O trânsito permanece já está obstruído há mais de duas horas. A 1ª Jornada de Educação na Reforma Agrária teve início no último domingo (26), no Centro de Convenções e Eventos de Cascavel Responsável pelo texto : Ana Carolina Caldas Outras informações : (41) 84119794 Solange/ Assessora de Imprensa MST Saiu na imprensa: RURALISTAS AGRIDEM SEM TERRA EM MARCHA PELA EDUCAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA NO PARANÁ A fala do presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná, Alessandro Meneghel, publicada no jornal folha de Londrina de hoje, 01.12.06, revela o espírito e a postura dos cerca de 150 fazendeiros que na tarde de ontem, 30/11 bloqueavam a BR 277, na altura do município de Cascavel. Diz o líder dos ruralistas R20;Se o governo não cumprir as reintegrações, nós vamos fazer com as nossas próprias mãosR21;. Em outro trecho da reportagem o mesmo afirma, R20;Cumprimos a lei, geramos riqueza, colocamos alimentos na mesa da população. Os sem terra são uns vagabundos.R21; Conforme noticiou a imprensa local, os fazendeiros aguardavam desde horário do almoço, os Sem Terra que no período da tarde se deslocariam em Marcha até a fazenda experimental da multinacional Sygenta Seeds, desapropriada pelo governo estadual, em Santa Tereza do Oeste. O ato fazia parte do encerramento da I Jornada de Educação da Reforma Agrária. Durante toda a semana cerca de 2.000 educadores/as e educandos/as estiveram em Cascavel debatendo as inúmeras experiências na área da educação desenvolvidas nos assentamentos e acampamentos. Por volta das 15:00 horas, os trabalhadores/as que estavam nos ônibus se defrontaram com o bloqueio dos fazendeiros (que seguravam o tráfego apenas no sentido da fazenda desapropriada pelo governo do Estado). Com uma carreta, vários tratores e alguns outros automóveis insistiam em coibir e impedir a passagem dos Sem Terra. Estranhamente toda a movimentação dos ruralistas era acompanhada pela Polícia Rodoviária Federal que em momento algum realizou nenhuma iniciativa no intuito de desobstruir a rodovia e garantir a passagem dos ônibus. A inoperância dos órgãos públicos que passivamente R20;assistiamR21; a ação truculenta dos fazendeiros locais é uma grave afronta ao direito constitucional de organização dos trabalhadores/as que apenas se deslocavam em uma rodovia pública, em ônibus em perfeito estado de conservação. Um outro fato que nos chama a atenção (mas que não nos causa surpresa) é a postura autoritária dos ruralistas, que contrariando toda a legislação vigente, que assegura a todos/as o direito à organização e manifestação, interditaram a rodovia e insistiram em coibir a passagem dos manifestantes. Desta forma estavam dados todos os elementos para o conflito ocorrido na tarde de ontem na região oeste do Paraná. Impedidos de seguir de ônibus, os trabalhadores/as desembarcaram e decidiram continuar a marcha a pé no outro lado da rodovia. Após passarem pelo bloqueio foram surpreendidos pelos fazendeiros que a cavalo, portando paus e barras de ferro avançaram sobre os manifestantes. Cerca de oito trabalhadores/as ficaram feridos no confronto. Vale a pena lembrar que esta não é primeira vez que os fazendeiros se reúnem para inibir e intimidar os Sem Terra e suas organizações. Na semana passada, ruralistas gaúchos, montaram acampamento na BR- 290, para impedir a marcha que se deslocava até o município de São Gabriel. O conflito ocorrido em Cascavel explicita mais uma vez a forma truculenta e autoritária que os grandes proprietários de terra agem no Paraná e no Brasil. Para estes a defesa da propriedade privada alicerça a intimidação, a violência, a perseguição e os crimes contra os trabalhadores/as e seus direitos. Diante dos fatos nos cabe perguntar o que produzem os latifúndios? Será que os 1.425 assassinatos de trabalhadores/as, lideranças sindicais, agentes de pastoral no Brasil catalogados pela CPT entre 1985 e 2005 é parte da riqueza produzida pelas grandes propriedades? Será que os 45 assassinados no Paraná no mesmo período é parte da riqueza produzida pelas grandes propriedades em nosso Estado? Será que os 18.694 trabalhadores/as resgatados pelo Ministério do Trabalho nas fazendas do Brasil em situação de escravidão entre 1995 e 2005 é parte da riqueza produzida pelas grandes propriedades? Será que a devastação do Cerrado e da floresta Amazônica (cerca de 17% desde 1970) para o plantio de soja e criação de gado é parte da riqueza produzida pelas grandes propriedades? Considerando que a pequena propriedade absorve mais de 86,6% da mão-de-obra ocupada no campo, enquanto a grande apenas 2,5%. Considerando que as pequenas propriedades produzem grande parte da produção agrícola brasileira (sendo 70% do café; 55% do milho; 72% do leite; 78% do feijão) nos cabe perguntar quem produz as riquezas? [1] Para a CPT a ação raivosa dos representantes do agronegócio é mais uma afronta à luta e os direitos dos trabalhadores/as do campo. Esta atitude também pode ser vista como receio e medo dos que há séculos dominam e oprimem o povo e que tremem de medo quando este organizado em marcha, estuda, luta e descobre as R20;verdadesR21; que formam a nossa sociedade. Neste sentido cabe a pergunta, R20;o que produzem os latifundiários e suas organizaçõesR21; ? Curitiba 01 de dezembro de 2006 Comissão Pastoral da Terra do Paraná Confronto entre ruralistas e MST deixa nove feridos Atualizado em 30/11/2006 às 18h15



Ações: Conflitos Fundiários

Eixos: Terra, território e justiça espacial