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Família de Keno entra com representação contra presidente da SRO


Nesta quinta, dia 20, a família trabalhador rural Valmir Mota de Oliveira (Keno), executado durante o ataque da milícia armada no dia 21 de outubro no Paraná, entra com uma representação contra Alessandro Meneghel, presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná (SRO). O ataque foi feito contra um acampamento da Via Campesina, localizado no campo de experimentos da transnacional Syngenta Seeds, em Santa Teresa do Oeste. Via Campesina ( responsável pela matéria) Hoje também, a 1º Vara Criminal em Cascavel, inicia o interrogatório dos 19 denunciados pelo Ministério Público do Paraná (MP), na Ação Penal que apura o ataque da milícia contra os trabalhadores rurais da Via Campesina. Será a primeira audiência da parte judicial das investigações. Meneghel será investigado por ser acusado de comandar o ataque da milícia contra os trabalhadores, juntamente com o dono da empresa de segurança NF, Nerci Freitas. O Inquérito Policial demonstra vários elementos que permitem o indiciamento de Meneghel. Mesmo assim, este não foi denunciado pelo ataque do dia 21 de outubro. O inquérito também aponta para investigação da conduta da Syngenta. De acordo com a Polícia, era fato notório que a empresa utilizava seguranças armados na propriedade e os seguranças no dia 21 de outubro, teriam fugido em um carro de propriedade da Syngenta, fato descrito na denúncia. Apesar disso, não há garantias de que as investigações contra a transnacional continuem. No último dia 10, o Ministério Público Estadual ofereceu denúncia contra 19 pessoas, oito seguranças, Nerci Freitas, dono da NF e o presidente SRO, Alessandro Meneghel. Os mesmos são acusados de formação de milícia armada para reprimir a atuação dos movimentos sociais na região e realizar despejos ilegais. Também foram denunciados oito militantes da Via Campesina, dentre eles Izabel Maria do Nascimento de Souza, que sofreu tentativa de execução, perdeu os movimentos do braço direito e ficou cega de um dos olhos devido, e Célia Aparecida Lourenço e Celso Ribeiro Barbosa, que juntamente com Keno, vinha recebendo ameaças de morte há mais de seis meses. Os trabalhadores que foram vítimas do ataque surpresa da milícia armada da Syngenta, estranhamente estão sendo denunciados como suspeitos do crime. Neste caso, fica claro a manipulação e inversão de papéis, onde os camponeses atacados estão sendo levianamente processados e acusados de violentos. Os fatos foram investigados pelo Centro de Operações Policiais Especiais da Polícia Civil do Paraná, e, apesar das investigações terem deixado claro não ser possível identificar o autor dos disparos que matou o segurança Fábio Ferreira, o Ministério Público acusa Celso Ribeiro Barbosa de ter efetuado os disparos, sendo que este no momento dos disparos não se encontrava no local, o que ficou claro na reconstituição do crime. A Via Campesina e organizações de direitos humanos vinham denunciando a atuação do Movimento de Produtores Rurais (MPR) e a utilização da empresa de segurança NF pela Syngenta há vários meses, inclusive ao próprio Ministério Público em Cascavel. Todos os militantes da Via Campesina, inclusive Celso Ribeiro Barbosa e Célia Aparecida Lourenço, acompanharam o inquérito policial, prestando depoimentos e contribuindo com as investigações. Celso se encontrava sob proteção policial por estar sofrendo ameaças e o caso dos dois estava sendo analisado pelo Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Além de ser incoerente, a decretação das prisões também representa um risco a segurança dos mesmos. A Via Campesina continua acompanhando as investigações e espera que os mandantes e executores sejam, devidamente punidos.



Ações: Conflitos Fundiários

Eixos: Terra, território e justiça espacial