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Movimentos sociais conquistam curso de Direito na UFPR


curso_direito_PRFonte: página do MST, texto e fotos de Riquieli Capitani

Foi assinado na noite dessa terça-feira (29), no Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, o termo de cooperação entre a UFPR e o Instituto Nacional de Colonização do Paraná (Incra), para a criação da primeira turma de Direito para assentados da Reforma Agrária e remanescentes de quilombos.

No ato estavam presentes o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, Ricardo Marcelo Fonseca, diretor do Setor de Ciências Jurídicas, Manoel Caetano Ferreira Filho, advogado e coordenador da turma, Roberto Baggio, integrante do MST, e o superintendente substituto do Incra no Paraná, Cyro Fernandes Júnior, além de integrantes de movimentos sociais, entidades e organizações.

“Estamos dando sentido ao papel das Universidades. A Universidade Federal do Paraná vai receber de braços abertos a primeira turma de Direito. Os assentados da Reforma Agrária e os remanescentes de quilombos serão bem vindos aqui” disse Ricardo Marcelo Fonseca.

“Precisamos dar ferramentas aos agricultores assentados, mais ferramentas afiadas, preparadas para a luta, e nós temos o papel de preparar esses estudantes, garantido que sejam profissionais humanos atuantes nas causas dos povos que são constantemente criminalizados”, acrescentou.

curso_direito_PR_Rodrigo AsturiamOs recursos do curso serão geridos pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), num total de R$ 1,6 milhão, e contará com 60 educandos que serão selecionados por meio do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), e iniciarão as aulas em março de 2015.

Baggio destacou que as parcerias entre movimentos sociais, Incra e universidades estão espalhadas pelo Brasil, e que essa é mais uma para fortalecer essas relações.

“Reafirmamos que para construir uma agricultura forte é necessário democratizarmos o acesso a terra, e o acesso ao conhecimento não é diferente. Esse curso possibilitará que os jovens aprendam, que abracem as causas dos trabalhadores, e que além disso se tornem seres humanos melhores. Sabemos que vão usar essa conquista coletiva em prol dos camponeses e camponesas”.

O advogado e coordenador da turma lembrou que as articulações junto a UFPR iniciaram em 2010. “Esse momento marca o início da concretização de um sonho que se iniciou há alguns anos, onde tivemos a aprovação desse curso pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenção (Cepe). Temos apoio da Universidade, dos alunos, professores, funcionários,  que vai garantir esse curso, mas sabemos que precisamos ficar atentos”.

A turma especial terá aulas durante a manhã, com os mesmos professores e mesma grade curricular das turmas regulares. Uma bolsa auxílio será ofertada para os alunos como forma de garantir a permanência no curso. A partir do terceiro ano, os alunos das turmas regulares e da especial poderão conviver numa mesma sala de aula, caso se matriculem nas disciplinas optativas.

“Essa faculdade registra fatos históricos, e esse sem dúvida marcará essa universidade. Daqui a cinco anos estaremos entregando o diploma a advogados preparados para agir nas causas justas dos movimentos sociais”, comentou Manoel Caetano Ferreira Filho.

 




Eixos: Terra, território e justiça espacial