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20% das pessoas intoxicadas por agrotóxicos são crianças e jovens, revela pesquisa


Dados foram apresentados em seminário denunciam as consequências do uso de agrotóxicos

A consequências dos agrotóxicos à saúde humana e à natureza foi um dos pontos abordados durante a 17ª Jornada de Agroecologia.  Dados relacionados aos impactos do uso dos venenos agrícolas no Brasil foram trazidos durante seminário temático realizado no dia 7, no teatro da reitoria da UFPR, e revelam que o país é, desde 2008, o maior consumidor mundial de agrotóxicos. De acordo com o Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, em 2014 foram consumidas 500 mil toneladas de veneno, isto é, 20% de todo agrotóxico comercializado no mundo é consumido em terras brasileiras.

Os dados foram apresentados pela professora Larissa Mies Bombardi, da Faculdade de geografia da USP, responsável pelo desenvolvimento do Atlas. A pesquisadora atribui o fato do Brasil ser o maior consumidor de agrotóxico como uma consequência de ser o maior exportador de diversos produtos agrícolas, como: soja, açúcar, etanol, carne de boi e de frango, café, suco de laranja e tabaco. De acordo com Luciana o alimento “transformou-se em algo que vai além da nutrição humana para se tornar mercadoria”. Durante sua fala no seminário, Larissa apresentou o dado de que 20% das pessoas contaminadas por agrotóxicos no Brasil são crianças e jovens:

O Atlas faz um levantamento extensivo do uso dos agrotóxicos no Brasil, utilizando dados oficiais, e faz um paralelo de como é a situação atual nos países da União Europeia. O material é composto por diversos infográficos que facilitam a compreensão do problema. 

Umas das seções faz comparações das áreas de algumas monoculturas produzidas no Brasil com o tamanho de países do continente europeu. Como por exemplo, todas as plantações de soja somadas são equivalentes a 4 vezes o território da Escócia, um país com população de mais de 5 milhões de pessoas e área de 78.772km².

O Professor Paulo Perna, do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (NESC-UFPR), ateve-se a discutir sobre o tema dentro do Paraná. De acordo com dados pesquisadospor ele, as atividades agrícolas e de pecuária já ocupam 78% das terras do estado e 80% das grandes propriedades fazem o uso de agrotóxicos.

 

“O prejuízo deste modelo de agricultura química coloca para todos nós o ônus das contaminações ambientais e as intoxicações nos seres humanos, tanto as agudas quanto as crônicas”.  – Paulo Perna

Professor Paulo Perna | Foto: Lucas Pereira SouzaO professor fez parte do grupo que fez uma pesquisa com famílias ligadas fumicultura no município de Rio Azul. O resultado mostrou que foram identificados transtornos psiquiátricos menores, perdas auditivas neurosensoriais, polineuropatia tardia induzida por organofosforados, configurando 20 casos de intoxicação crônica.

Naiara Bitencourt, advogada popular da Terra de Direitos, falou sobre os problemas dos agrotóxicos relacionados aos direitos humanos, apresentando os avanços do mercado sobre os recursos naturais do Brasil e novas técnicas de manipulação genética, como o genedrive.

 

Advogada Popular Naiara Bitencourt | Foto: Lucas Pereira de SouzaO Brasil encontra-se numa condição de país capitalista periférico, é um grande exportador de produtos agrícolas com baixo valor social agregado e precisa importar produtos de alta tecnologia. Este problema se acentua ainda mais quando se observa o paradoxo de que o Brasil hoje se mantém através de uma matriz agrária, mas a maior parte da população vive nos grandes centros urbanos.

A agroecologia surge como alternativa para o atual modelo de produção agrícola. Os movimentos sociais do campo reivindicam o direito de produzir alimentos saudáveis sem agredir o meio ambiente e os indivíduos responsáveis pelo abastecimento.   



Ações: Biodiversidade e Soberania Alimentar

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