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A luta das mulheres é a verdadeira razão para comemorar


Todo ano as “comemorações” se repetem no dia 8 de março. Desde seu surgimento até os dias atuais, a data, inspirada na celebração das lutas pelos direitos femininos, fruto de construções históricas de mulheres como Alexandra Kollontai, Clara Zetkin e tantas outras ao redor do mundo, perdeu muito de seu caráter revolucionário e foi reduzida ao dia das flores e dos parabéns.

Invadido pelo comércio, o dia marco para questionar e combater as desigualdades de gênero se tornou estratégico para vendas e, portanto, excelente negócio para o sistema patriarcal, racista e capitalista, que negligenciou o motivo da comemoração. A valorização de características tidas como femininas neste dia, em contrapartida à desvalorização da resistência e do enfrentamento feminino no atual contexto, é exemplo disto e está intrinsecamente ligada com a violência contra a mulher, forma mais explícita do patriarcado.

Segundo dados da ONU, sete de cada dez mulheres serão agredidas ao longo da vida. Hoje, no Brasil, uma mulher é espancada a cada 24 segundos. Na maioria das vezes essa violência começa em casa. Nas ruas, o corpo feminino é público. Mulheres compõem metade da população e ainda precisam da pífia cota de 30% para ter representatividade eleitoral, já que nos espaços de poder político o número é ainda menor.

No 8 de março, a singela homenagem aos padrões de feminilidade estabelecidos as mulheres, não cabe. A data existe para celebrar a luta pelo fim da desigualdade de gênero e colocar em pauta questões que precisam ser discutidas e essa é sua importância. Discutir essas pautas sistematicamente é essencial para a construção de uma sociedade possível para mulheres.

A data existe porque a opressão e a violência contra mulher ainda existem e isso não merece comemoração. A luta das mulheres, diária e focada nas minúcias de uma sociedade que as violenta cotidianamente, merece comemoração todos os dias. Por isso, para além das comemorações, o Dia Internacional da Mulher, é uma data que deve evidenciar a luta, o trabalho e a voz das mulheres durante todos os dias do ano, para que avancemos até alcançarmos uma sociedade igualitária e justa para todas e todos.

Dia de luta, mulheres nas ruas

Neste 8 de março, milhares de mulheres foram às ruas em diversas cidades do país para marcar o Dia Internacional da Mulher. Em Belo Horizonte, mulheres das ocupações Rosa Leão, Helena Greco, Brigadas Populares e Rede de Apoio ocupam o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Zilah Spósito para denunciar a crise da saúde das periferias e a privação do acesso à saúde e educação.

A pauta das mulheres, mais uma vez, se soma a luta pelo direito à terra. A condição de moradia das ocupações urbanas, criminalizada pelos poderes públicos locais e pelo judiciário, têm determinado ou não o acesso a políticas sociais de caráter universal e essenciais para garantir a vida e os direitos humanos de todas e todos.

Em Quedas do Iguaçu, no Paraná, cerca de 5 mil trabalhadoras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram uma ação na madrugada desta terça-feira (8) nas dependências da empresa Araupel. Vindas de todo o estado, as mulheres destruíram mudas de eucalipto transgênico em manifestação que clama o lema “Mulheres na luta em defesa da natureza e alimentação saudável, contra o agronegócio”.

Em Catas Altas, Minas Gerais, 1.500 mulheres do MST ocuparam as dependências da Vale em ato de repúdio à mineradora. A manifestação teve como objetivo chamar a atenção da sociedade do modelo destrutivo do agronegócio para o meio ambiente, como por exemplo: a expansão da monocultura de eucalipto, que transforma as terras em um deserto verde improdutivo do ponto de vista da soberania alimentar.

Mulheres do MST de Santa CatarinaAlagoasMato GrossoMato Grosso do SulEspírito SantoCearáRio Grande do Sul e Bahia unem-se às manifestações no Dia Internacional da Mulher.



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Ações: Defensores e Defensoras de Direitos Humanos

Eixos: Política e cultura dos direitos humanos