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Adital | Ás vésperas da Copa, campanha reúne seleção de ativistas para denunciar represálias


LInha de FrenteFonte: Adital

Com o objetivo de sensibilizar a opinião pública com relação às recorrentes violações de direitos humanos no Brasil, as organizações Justiça Global, Terra de Direitos eFront Line Defenderslançam a campanha "Linha de frente: defensores de Direitos Humanos”. Lançada nesta terça-feira, 10 de junho, na cidade de São Paulo, a campanha juntou pessoas para discutir como as iniciativas dos movimentos sociais sofrem represálias e obstáculos por defenderem direitos fundamentais.

Em entrevista à Adital, o ativista Márcio Marins, membro da ONG Dom da Terra, que promove e defende a população negra e religiões de matrizes africanas, e integrante da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), afirma que o diálogo entre esse setor e o Poder Público ainda se estabelece lentamente. Segundo ele, o tema ainda não tem espaço garantido na agenda pública.

Marins afirma que o gradual avanço de igrejas cristãs com forte poder de capital, como as pentecostais, tem prejudicado a abertura para a convivência com outras religiões no Brasil e intensificado perseguições. "Estão se apropriando de espaços políticos como o Executivo e o Legislativo para perseguirem tudo aquilo que não segue a religião deles”, aponta.

Quanto ao ativismo LGBT, Marins destaca a necessidade de criminalização da homofobia para garantir avanços na proteção dos direitos desse grupo. "Se a gente tem legislação específica, acreditamos que outras políticas de direitos humanos vão funcionar melhor”, avalia.

Coordenadora da ONG Mães de Maio, que atua na defesa de vítimas de violência policial nas periferias urbanas das cidades brasileiras, a ativista Débora Silva enfatiza que a postura do Estado indica omissão e tentativa de desmobilização diante dos movimentos sociais. "Há uma conivência por parte do Poder Público (...) e as lideranças acabam sendo perseguidas pelo braço armado”, afirma à Adital.

"O governo tenta neutralizar nossa luta tentando oferecer cargos e salários. (...) É inadmissível o governo nos usar como massa de manobra em reunião que não avança”, acrescenta Débora. Segundo ela, o momento, agora, é de reunir as lideranças, conscientizando que a união é o caminho para alcançar demandas das lutas sociais.

A campanha

Ao todo, 11 pessoas fazem parte do grupo de lideranças chamado pela campanha de "seleção”, em referência ao futebol, e contextualizando-se com a Copa do Mundo FIFA 2014 no Brasil, megaevento que acumula uma série de denúncias de violações aos direitos humanos no país. Nessa campanha, é destacado que o Brasil é signatário de tratados e convenções internacionais de Direitos Humanos, mas que isso não corresponde à realidade das ameaças sofridas pelos que lutam por direitos individuais, políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais no país.

O método da mobilização é abordar casos de defensoras e defensores de direitos humanos, recuperando sua luta política e de suas comunidades em várias localidades do território nacional. A campanha chama a atenção ainda para perseguições e criminalizações que sofrem os defensores por parte do Estado e as iniciativas privadas, em vez de serem reconhecidos pela promoção do avanço da democracia.

 
 


Ações: Impactos de Megaprojetos

Eixos: Política e cultura dos direitos humanos