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Moradores da Sociedade Barracão pressionam COHAB


BARRACÃO - MORADORES LUTAM PELO DIREITO DE MORAR E DE TRABALHAR


O Barracão é um espaço OCUPADO por 32 famílias, vindas de diversos municípios do Paraná e de outros estados, na busca de trabalho e de qualidade de vida. A realidade que encontraram não foi a dos seus sonhos, de suas expectativas. Depararam-se tão logo com o desemprego, a falta de moradia, de escolas e creches para seus filhos, entre outras dificuldades. Deserdados de seus locais, sem raízes na nova terra, essas famílias foram se estabelecendo em diferentes espaços e em condições precárias. Algumas famílias viveram a crueldade de despejos em outros locais, outras da expulsão do campo e, outras ainda da demissão de seus empregos. Muitos sem uma formação técnico-profissional, sem assistência das políticas públicas; outros sem acesso ao mundo letrado de hoje e sem um nível de educação formal que contribuísse para sua inserção no mundo do trabalho urbano, foram sendo colocados à margem da sociedade de Curitiba. Com um misto de histórias de vida e de marcas de violência oculta que marcaram e ainda marcam suas vidas, esses moradores foram se colocando, paulatinamente, num espaço desocupado - um BARRACÃO - em processo judicial entre proprietários e Estado - localizado na Rua Brasil para Cristo, 702 - Vila Hauer, Bairro Boqueirão.
Esse grupo de moradores, "invisível" aos olhos das autoridades, foi ficando cada vez mais à margem dos direitos fundamentais da pessoa: precárias condições de moradia, a falta de alimento de qualidade, dificuldades de acesso à educação e saúde, dificuldades de entrar no mercado de trabalho e de iniciativas próprias, criou uma realidade gritante e desumana.
UMA NOVA HISTÓRIA EM CONSTRUÇÃO
Hoje, a maioria dos moradores vive da coleta de material reciclável e se reconhece como grupo de catadores, mesmo que ainda não formada uma associação própria.
A perspectiva de uma nova vida, em condições mais humanas, iniciou com a contribuição e participação ativa, num primeiro momento da Terra de Direitos - Direitos Humanos, que buscou dados fundamentais para a elaboração e encaminhamento de um processo de usocapião do espaço ocupado. Entretanto, as muitas e diferentes dificuldades vividas pelo grupo de moradores, fizeram com que outras duas entidades se comprometessem, decisivamente, na construção de uma nova história, com uma metodologia participativa e conseqüente engajamento de todos os moradores em todas as decisões e ações: o Centro de Formação de Líderes Urbano Rurais Irmã Araújo - CEFURIA e o Instituto Lixo e Cidadania. O Movimento Nacional de Catadores também contribui, principalmente com as informações e encaminhamentos da categoria.
Com um trabalho persistente de todos os segmentos, pautado em relações de justiça e de respeito às crenças e condições do grupo de moradores, o caminho até aqui percorrido aponta possibilidades de construção de uma nova realidade.
Isto pode ser evidenciado pelos vários contatos e decisões que o grupo de moradores, com assessoria das entidades mencionadas vem tomando: pedido de regularização da energia elétrica, de água e esgoto junto à COPEL e SANEPAR, respectivamente; processo de viabilização de construção de moradia para todos os moradores no local junto à COHAB e o acompanhamento do processo de usocapião. Importante também ressaltar que, neste ano, todas as crianças e adolescentes em idade escolar, estão regularmente matriculados em escolas públicas da região.
Outras ações, também importantes, nascidas e em desenvolvimento a partir de pedidos e iniciativas do próprio grupo de moradores, marcam esse momento: o curso de Alfabetização de Jovens e Adultos (22 pessoas se inscreveram), que será desenvolvido pela PUC/PR no próprio barracão (com início provável na próxima semana); espaço educativo e de lazer para as crianças com pedido de participação a diversas entidades; a re-definição do espaço de moradia e depósito do material reciclável e, conseqüente projeto de construção de um barracão específico para a seleção desse material.
A Sociedade BARRACÃO, denominação dada pelo grupo de moradores, ainda que não constituída legalmente, vai fazendo seu próprio caminho ... Reúnem-se às quartas-feiras, das 09:00 às 11:30 horas e todos os moradores são convidados a participar. Uma comissão de seis pessoas (três homens e três mulheres) é o ponto de apoio e faz as intermediações dentro do próprio grupo e com outras instâncias da sociedade. As três entidades apoiadoras, mais diretamente ligadas ao grupo, participam de todas as reuniões e contribuem para um processo de decisões coletivas e assumidas por todos os moradores.
Ressaltamos a importância do apoio de várias entidades da sociedade civil que, em determinados momentos, foi de suma importância para o prosseguimento de processos em favor dos moradores.



Ações: Direito à Cidade
Casos Emblemáticos: Sociedade Barracão
Eixos: Terra, território e justiça espacial