Os catadores do Novo Amanhecer se organizam desde 1992. Hoje a associação conta com uma prensa de material, porém ainda enfrenta problemas de comercialização e sofre nas mãos dos atravessadores que compram sua força de trabalho.A necessidade de unir forças fez com que organizassem, no dia 24 de junho, um encontro de integração com outras quatro associações de catadores, de diferentes regiões periféricas de Curitiba.

São elas: Projeto Multirão (bairro Bairro Novo), Sociedade Barracão (bairro Boqueirão), Sítio Cercado e Vila Pantanal. Participaram 208 pessoas, 98 delas eram crianças, filhos e filhas dos catadores. "Sozinhos vendemos para um comprador de fora, em conjunto podemos conseguir um preço melhor, para sair debaixo da asa dos compradores. A tendência é convidar outros carrinheiros que vendem para particulares e achar um comprador que pague melhor, juntando mais de 6 toneladas de material ", afirma Jaime da Silva, catador e vice-presidente do Novo Amanhecer.

No momento, 52 catadores do Novo Amanhecer utilizam o barracão da Cidade Industrial. O objetivo do encontro é organizar a categoria, juntando mais catadores neste espaço conquistado há pouco tempo. Outro objetivo é evitar os espaços de carrinheiros organizados e controlados pela prefeitura. Mesmo grávida de 9 meses, Ivonete Farias de Oliveira não tem acesso aos direitos básicos de um trabalhador.

Até a semana passada, a moradora da Vila Pantanal ainda carregava o carrinho nas costas, quilômetros a fora. Já conheceu um trabalho com carteira assinada, como muitos presentes no encontro. Mas isso há muito tempo. Na Vila Pantanal, 70 famílias saem às ruas em busca do material abandonado pelo comércio.

Nos últimos dias, Ivonete passou a trabalhar na seleção de materiais recicláveis, como garrafas, ferro, etc. O papel sai barato em pouca quantidade, e o preço do alumínio caiu com o aumento do dólar. Ivonete reclama da falta de saneamento da vila onde vive, sem contar na dificuldade em conseguir materiais.

Muitas pessoas resistem em entregá-los para os catadores. "O povo deveria se unir bem mais", concorda Ivonete, junto com 20 companheiras e companheiros presentes no encontro.