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Tenente que perseguia MST é condenado por tráfico internacional de armas, drogas e formação de quadrilha


grande-mst_bandeira_25-07-08

O tenente-coronel da PM Valdir Copetti Neves foi condenado a 18 anos de prisão pela Justiça Federal por tráfico internacional de arma de fogo, de drogas e por formação de quadrilha. Copetti Neves comandava uma quadrilha que fazia a segurança ilegal de propriedades rurais na região de Ponta Grossa, próximo a capital curitibana. A quadrilha era responsável pela perseguição, intimidação e tortura de trabalhadores rurais sem terra. Na condenação, consta ainda que o bando fornecia armas ilegais e drogas, que eram “plantadas” para a incriminação indevida de outras pessoas. Ele e os outros acusados devem recorrer a sentença e permanecer em liberdade.

A investigação do caso começou com uma operação realizada em 2005, conhecida como “Março Branco”, que levou Copetti Neves a prisão por fornecer segurança ilegal a fazendeiros. Já em 1999, o nome de Neves esteve ligado a outra operação ilegal: interceptações nas linhas telefônicas de cooperativas ligadas ao movimento. Na época, as gravações foram autorizadas pela juíza Elizabeth Khater, sem fundamentação e nem notificação ao Ministério Público. A arbitrariedade rendeu ao Brasil uma condenação pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, em agosto deste ano.

As organizações e movimentos sociais do Paraná há muito denunciam a atuação truculenta de Copetti Neves. Em 2005, durante a realização da CPMI da Terra, foram apresentadas diversas testemunhas e vitimas de torturas realizadas por Copetti Neves, além de documentos comprovando o envolvimento do policial nas milícias privadas contratadas pelos fazendeiros. Contrariando os fatos, a CPMI aprovou o relatório apresentado pelo deputado e também ruralista Aberlardo Lupion (DEM), que não cita os assassinatos ocorridos no campo, os despejos ilegais e nem as operações deflagradas no estado do Paraná, como a Março Branco e a Paz no Campo. Na época, o relatório da CPMI foi considerado tendencioso e omisso com relação aos problemas e conflitos do campo.

Apenas entre 1998 a 2004 seis trabalhadores rurais foram assassinados por milícias privadas contratadas por fazendeiros - Sebastião Camargo Filho (1998), Sebastião da Maia (1999), Sétimo Garibaldi (1998), Eduardo Anghinoni (1999), Anarolino Vial e Paulo Sérgio Brasil (2003) e Elias de Meura (2004). Para a Terra de Direitos, a condenação de Copetti Neves indica que os crimes cometidos contra trabalhadores rurais ainda não foram esclarecidos como deveriam.

Leia também: Relatório sobre a formação de milícias no Paraná



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