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Jornada de Agroecologia reune mais de 5 mil


CASCAVEL - Durante a 4ª Jornada de Agroecologia, que acontece em Cascavel até amanhã, 28, a doutora e uma das precursoras do tema no Brasil Ana Maria Primavesi esclareceu aos mais de cinco mil agricultores presentes de que forma podem manter o solo vivo e fértil sem usar agrotóxicos e sem cair nas armadilhas dos transgênicos. Primavesi que é de nacionalidade austríaca iniciou a sua trajetória no Brasil em 1949 e foi perseguida durante a Ditadura Militar, quando lecionava na Universidade Federal de Santa Maria, RS, sobre as potencialidades da agroecologia. Diante de olhares perplexos de homens, mulheres e crianças, Primavesi esclareceu que a agroecologia é uma forma simples de entender as manifestações da terra e utilizar os próprios recursos naturais para proteger o solo e deixá-lo vivo para outras produções. Ela explicou que uma das formas para que isto ocorra é alternar e misturar culturas (em média cinco) e manter a biodiversidade do local. A doutora citou como exemplo plantações no nordeste que mantiveram os arbustos da região e sem desmatar obtiveram altos índices de produtividade com misturando culturas, no chamado sistema de agro-sivicultura. A agroecologia é desenvolvida em especial pelos pequenos camponeses na agricultura familiar. Conforme dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Seab, existem mais de cinco mil produtores de agroecologia no estado, com uma produção de cerca de 66.256 toneladas. O estado é o segundo maior produtor e primeiro em biodiversidade na área. "O bem-estar brasileiro se dá neste tipo de agricultura que produz para alimentar a população de nosso país e não para exportar", argumenta Primavesi. Em um dos momentos mais emocionantes da palestra, a doutora defendeu as experiências do agricultor e o fato de ele por meio de suas observações encontrar soluções simples para os seus problemas com recursos da natureza. "É preciso valorizar as experiências de que produz, de quem vive a agricultura neste país. Não subestimem os seus conhecimentos, não pensem que só os cientistas é que sabem", conclamou. Transgênicos A cultura dos transgênicos foi rebatida pela doutora que a considera como um paliativo para o problema das pragas e da baixa produtividade. Ela explica que as pragas são plantas indicadoras da falta de nutrientes na cultura e que o simples uso destes já é suficiente para o controle e o aumento da produtividade. Primavesi também contestou a propaganda de que os transgênicos são resistentes às pragas e que não requererem agrotóxicos. Segundo a doutora, há diversos casos em que ainda é necessária a aplicação de produtos químicos. Além de poluir as águas e contaminar a terra, os transgênicos deixam um rastro de destruição do solo que exige vários anos de recuperação, segundo ela. "Os grandes latifúndios exploram a terra até a sua morte. Não há a mínima preocupação com os recursos naturais", diz. Luta pela terra Primavesi luta pela preservação dos solos brasileiros há mais de 50 anos. Iniciou a sua carreira na Universidade Federal de Santa Maria, no RS, onde publicou quatro livros relacionados à agroecologia. A repercussão de suas idéias foi motivo de censura e perseguição por parte do regime militar. Por segurança, ela se mudou para São Paulo, onde foi professora de várias universidades. Seus estudos foram amplamente divulgados na América Latina como uma alternativa de sustentabilidade da agricultura familiar. Atualmente, Ana Primavesi ministra cursos de pós-graduação em universidades de toda a América Latina. A universidade de Ciego de Ávila, em Cuba, criou uma cátedra em sua homenagem. No Paraná, a doutora recebeu o título de cidadã honorária, concedido pela Assembléia Legislativa do Paraná, conforme proposta da deputada Luciana Rafagnin (PT). FOTOS: Ana Primavesi na 4a Jornada de Agroecologia http://www.agroecologia.v10.com.br/ana_primavesi1.jpg Entidades promotoras da Jornada: AOPA - Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia AS-PTA - Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa ASSESOAR - Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural Associações da Agricultura Familiar CAPA - Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor CRABI - Comissão Regional dos Atingidos das Barragens do Rio Iguaçu CPT - Comissão Pastoral da Terra CRESOL/BASER - Sistema de Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária DESER - Departamento de Estudos Sócio-Econômico Rurais FEAB - Federação dos Estudante em Agronomia do Brasil FETRAF-SUL/CUT - Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul/Central Unica dos Trabalhadores Fórum Centro Sul Fórum Oeste Fórum Sudoeste CUT-PR - Central Unica dos Trabalhadores Instituto Equipe MAB - Movimento dos Atingidos por Barragem MPA - Movimento dos Pequenos Agricultores MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra REDE ECOVIDA RURECO - Fundação para o Desenvolvimento Econômico Rural PJR - Pastoral da Juventude Rural MMC - Movimento de Mulheres Camponesas Sindicatos de Trabalhadores Rurais Terra de DireitosAutor/Fonte: Jornada de Agroecologia



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