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DHesca | Evento em São Paulo debateu Direitos Humanos e Democracia


Fonte: Plataforma DHesca
Organizações filiadas e parceiras da Platatorma de Direitos Humanos – Dhesca Brasil se reuniram em São Paulo no dia 2 de setembro para o Seminário Direitos Humanos e Democracia.

Pela manhã houve um momento de diálogo sobre as estratégias de comunicação para ampliar o alcance da Campanha Mais Direitos Mais Democracia, criada a partir da iniciativa das redes nacionais Plataforma Dhesca e pela Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil e respectivos movimentos e organizações filiadas e parceiras.

À tarde foi realizado um painel para debater a conjuntura pós-golpe e o contexto dos direitos humanos. Darci Frigo, coordenador da Plataforma Dhesca e da Terra de Direitos, avaliou que o golpe, que se concretizou com o afastamento definitivo, pelo Senado Federal, de uma presidenta democraticamente eleita vem na esteira de uma ampla hegemonia do capital no âmbito global. “A brutal concentração da riqueza traz um custo que significa a destruição da natureza, a exploração do trabalho e a fome de um bilhão de pessoas. Isso se opera com um Estado cada vez mais vigilante, opressor e autoritário – não é um Estado mínimo, é um Estado para assegurar os interesses do capital. Esse é o Estado do golpe. Ele só vai ser mínimo no social”, afirmou Frigo. 

Benilda Brito, da Articulação de Mulheres Negras BrasileirasBenilda Brito, da Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, apresentou um panorama da luta em defesa dos direitos de negras e negros no país. Destacou que o Brasil foi a segunda maior nação escravista do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e o penúltimo a acabar com o tráfico de pessoas escravizadas. “Nenhum país do mundo invadiu tanto o continente africano com o fim de sequestrar e trazer pessoas escravizadas. Mas essa grande presença negra não provoca o olhar devido sobre o recorte racial”, afirmou.

Dados apresentados por Benilda mostram que o número de mulheres negras mortas cresceu 54% em 10 anos (de 2003 a 2013), enquanto o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10% no mesmo período. No total, 55% foram cometidos no ambiente doméstico, e em 33,2% dos casos os homicidas eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas.Jandyra Uehara Alves CUT Brasil

A Secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Jandyra Uehara Alves, falou sobre o atual contexto de ameaças aos direitos das trabalhadoras e trabalhadores. “Para que os interesses do grande capital prevaleçam no momento de crise é preciso alvejar a democracia, passando por cima dos direitos sociais, dos direitos dos trabalhadores, os direitos dos povos. Para fazer a restauração de um neoliberalismo ainda mais feroz do que o que tivemos na década de 90, eles precisam criminalizar os movimentos sociais e reprimir ainda mais as manifestações. É preciso também que uma ideologia neoconservadora se imponha no país, daí então o ataque à população LGBT, às mulheres, entre tantos outros”, avaliou Jandyara.

Carlos Magno, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e TransexuaisA temática dos direitos sexuais foi abordada pelo Presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – AGBLTO, Carlos Magno. “Não é possível viver em uma sociedade onde eu não possa viver a minha sexualidade plenamente. Quando isso acontece, eu estou sendo desumanizado. Direitos sexuais são direitos humanos – e é nessa defesa que o movimento LGBT passa a incidir também sobre a pauta dos direitos humanos”, afirmou.

Carlos Magno também falou sobre os desafios colocados pela conjuntura de ameaças a direitos. “No momento atual, nós temos que continuar firmes em nossas pautas; é preciso construir uma unidade ampla para lutar pela defesa da democracia. Querem nos colocar de novo no armário, e para o armário a gente não vai voltar mais”, enfatizou.

Ana Mielke, do IntervozesAna Claudia Mielke, do Intervozes, falou sobre a influência que a imprensa nacional teve no processo de impeachment. “A mídia brasileira teve um papel decisivo no processo de legitimação desse impeachment, invisibilizando ou criminalizando os movimentos que defendiam a democracia e mobilizando aqueles que iam pra rua em defesa do golpe. Continuamos a ter um sistema de comunicação no Brasil altamente concentrado em que poucos grupos dominam tudo que lemos ou assistimos. Agir sobre esse cenário é fundamental, pois uma comunicação democrática impacta profundamente no que estamos chamando de democracia”, destacou Ana.
 


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Plano de comunicação da Rede

Na quinta-feira, dia 1º, as entidades presentes no seminário também se reuniram para pensar, de forma coletiva, sobre as estratégias de comunicação da Plataforma Dhesca. Outras duas oficinas foram realizadas em junho de 2015 no Rio de Janeiro e em abril deste ano em São Paulo para discutir os desafios da comunicação enquanto estratégia de ação política.

Assista ao vídeo do Seminário  na íntegra:

 

 



Ações: Defensores e Defensoras de Direitos Humanos, Democratização da Justiça

Eixos: Democratização da justica e garantia dos direitos humanos