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Anistia Internacional e Parlamentares suíços se pronunciam sobre o caso Syngenta


A Anistia Internacional se pronunciou nesta semana sobre os casos de violação aos diretos humanos contra os trabalhadores rurais no oeste do Paraná. Através da divulgação de uma nota oficial, a organização afirmou estar preocupada com a possibilidade de despejo das famílias, que atualmente ocupam a área que abrigava um campo experimental da transnacional Syngenta Seeds. O integrante da organização, Patrick Wilcken, pediu esforços para que as famílias acampadas  tenham seus direitos respeitados. “É essencial que todas as medidas cabíveis sejam tomadas para evitar o uso da força por policiais (...)” afirmou Wilcken. 

Na nota divulgada, a Anistia Internacional relembrou os casos de utilização de milícias armadas contra os trabalhadores rurais, que resultaram na morte de uma das lideranças do movimento, Valmir Motta de Oliveira, o Keno, em 21 de outubro de 2007. A organização, ganhadora de um Prêmio Nobel da Paz e de um Prêmio dos Direitos Humanos da ONU, questionou o aumento do uso de força por parte dos fazendeiros, afirmando que “é hora das autoridades estaduais e federais tomarem as atitudes a seu alcance para assegurar que a contínua violência e os assassinatos de ativistas rurais acabem. Isso inclui o fechamento imediato de empresas de segurança irregulares e a investigação e instauração de processos contra aqueles ligados à promoção ou apoio às suas atividades ilícitas”.

 Com base nas denúncias encaminhadas pela Terra de Direitos e por outras entidades, membros do Parlamento da cidade de Basel, na Suíça, também enviaram pedidos de esclarecimentos à  Syngenta. Acionistas minoritários da transnacional cobraram providências aos diretores durante a Assembléia Geral, em 22 de abril. As organizações suíças enviaram denúncias a Relatoria pelo Direito à Alimentação, da ONU. Mais de 200 cartas de organizações ligadas a Anistia Internacional foram mandadas ao Governo Estadual e à Syngenta. A desapropriação do campo experimental também foi apoiada por mais de 300 organizações internacionais.

 Violência no campo é plantada junto com sementes transgênicas

 As manifestações contra a fazenda da Syngenta começaram quando a transnacional iniciou pesquisas com sementes transgênicas no entorno do Parque Nacional do Iguaçu. A Via Campesina ocupou o local em protesto e o Governo do Estado do Paraná anunciou que iria transformar a fazenda num centro de agroecologia, no ano de 2006. No entanto, a Syngenta obteve a reintegração de posse da área e anunciou publicamente a retomada dos experimentos, voltando a desconsiderar a proibição legal para o plantio de transgênicos no entorno do Parque Nacional do Iguaçú. 

Com o retorno dos experimentos, a Via Campesina reocupou a fazenda em outubro do ano passado. Ao mesmo tempo, proprietários rurais da região anunciaram a formação do Movimento dos Produtores Rurais (MPR), com o objetivo de arrecadar fundos para patrocinar empresas de segurança privada para realizar desocupações ilegais e coibir a atuação dos movimentos sociais. A partir daí, a violência no campo só aumentou.

Além de receberem ameaças por telefone, os trabalhadores rurais foram agredidos em acampamentos, como em Lindoeste e em Santa Teresa do Oeste. O caso mais grave aconteceu na fazenda da Syngenta, em outubro de 2007, quando 40 pistoleiros invadiram o acampamento, executaram Keno com dois tiros no peito e ainda atingiram mais cinco outros trabalhadores. Mais de 600 tiros foram disparados pela milícia armada. Em setembro de 2007 a Policia Federal fez uma operação na empresa de segurança contratada, onde foram apreendidas armas ilegais.

Mesmo assim, no mês passado a milícia atacou novamente. Às margens da BR 369, entre Cascavel e Corbélia, o acampamento “Primeiros Passos”, com 150 famílias, foi invadido durante a madrugada por seguranças armados que destruíram a Igreja e a escola, atirando nos trabalhadores com o “Caveirão do agronegócio” - um caminhão parecido com o que é usado pela polícia nas favelas do Rio de Janeiro, equipado com estrutura de aço na dianteira e chapas de ferro nas laterais e na traseira, por onde são efetuadas disparos de armas de fogo.



Ações: Empresas e Violações dos Direitos Humanos
Casos Emblemáticos:
Eixos: Terra, território e justiça espacial