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Boletim Por um Brasil Livre de Transgênicos - 476


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POR UM BRASIL LIVRE DE TRANSGÊNICOS

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Número 476 - 05 de fevereiro de 2010

Car@s Amig@s,

Até onde pode ir o segredo industrial? Nos EUA, produtos químicos perigosos são mantidos sob sigilo

O jornal estadunidense Washington Post publicou em janeiro uma inquietante reportagem sobre como o direito ao “segredo industrial” permitiu que um enorme número de químicos potencialmente perigosos -- componentes desde produtos de limpeza até produtos infantis -- pudesse ficar invisível aos olhos não só da população, mas também de profissionais de saúde e de agências reguladoras governamentais.

O jornal cita informações da EPA (Agência de Proteção Ambiental, na sigla em inglês) atestando que cerca de 20% dos 84.000 químicos usados comercialmente no país são secretos -- seus nomes e propriedades físicas são omitidos dos consumidores e, virtualmente, de todos os agentes públicos.

A política que permite esta aberração foi publicada há 33 anos para proteger os segredos comerciais de uma indústria altamente competitiva. Mas alguns críticos, incluindo a administração Obama, acham que o segredo foi longe demais, tornando impossível aos órgãos reguladores controlar os potenciais perigos, e aos consumidores saber a quais substâncias tóxicas podem estar expostos.

De acordo com o Toxic Substances Control Act, de 1976, os fabricantes precisam reportar ao governo federal os novos químicos que pretendem comercializar. Mas a lei dispensa a divulgação pública de qualquer informação que possa prejudicá-los.

Cientistas, organizações ambientalistas e mesmo oficiais do governo dizem que os fabricantes exploraram brechas na lei para reivindicar segredo sobre um número cada vez maior de químicos. De acordo com o Government Accountability Office (Escritório Governamental de Transparência), ao longo dos últimos anos, 95% das notificações sobre novos químicos enviadas ao governo demandavam algum segredo. Cerca de 700 novos químicos são introduzidos no mercado anualmente.

Há hoje em dia cerca de 17.000 químicos secretos, dos quais muitos, segundo notificações obrigatórias enviadas ao governo, representam “risco substancial” à saúde pública ou ao meio ambiente. Em março, por exemplo, mais da metade das 65 notificações de “risco substancial” arquivadas na EPA envolviam químicos secretos.

Richard Wiles é vice-presidente de um grupo ambientalista que documentou a quantidade de químicos secretos a partir dos registros públicos da EPA. Segundo ele, existem milhares de químicos que potencialmente apresentam riscos à saúde ou o meio ambiente e é impossível conduzir um programa regulatório efetivo sendo tantos destes químicos secretos.

De acordo com a EPA, 151 dos químicos secretos são produzidos em quantidades superiores a 1 milhão de toneladas por ano, e 10 são usados especificamente em produtos infantis. A identidade deste químicos é conhecida por um punhado de funcionários da EPA, que são legalmente impedidos de compartilhar as informações com outros agentes federais, reguladores estaduais de saúde ou meio ambiente, governos estrangeiros, serviços de emergência ou o público.

A reportagem relata um caso ocorrido no ano passado, em que uma enfermeira do Colorado ficou seriamente doente após tratar um trabalhador envolvido num vazamento químico em uma jazida de gás. O homem, que posteriormente se recuperou, apareceu em um hospital de Durango reclamando de confusão mental e náusea. Segundo a enfermeira, suas botas estavam úmidas e ele exalava forte odor de químicos.

Dois dias depois, a enfermeira Cathy Behr estava lutando por sua vida. Seu fígado estava falhando e seus pulmões estavam se enchendo de fluido. Behr conta que os médicos diagnosticaram intoxicação química e procuraram o fabricante, Weatherford International, para descobrir a que produtos ela poderia ter sido exposta.

A empresa forneceu informações sobre segurança, incluindo riscos, do químico conhecido como ZetaFlow. Mas como o ZetaFlow tem status confidencial, as informações não informavam todos os seus ingredientes.

O vice-presidente da empresa, Mark Stanley, disse num comunicado que a companhia tornara públicas todas as informações que a lei exigia.

Behr, de 57 anos, se recuperou, mas ficou com problemas respiratórios após a intoxicação. E reclama que, “como cidadãos numa democracia, nós deveríamos ter o direito de saber o que está acontecendo ao nosso redor”.

Segundo o Washington Post, a Casa Branca e grupos ambientalistas querem que o Congresso force os fabricantes a provar que uma substância deva ser mantida em segredo. Eles também querem que oficiais federais possam compartilhar informações confidenciais com reguladores e oficiais de saúde estaduais, que realizam muito do trabalho da EPA pelo país.

Mike Walls, vice-presidente do American Chemistry Council, declarou que os fabricantes concordam que oficiais do governo federal possam compartilhar as informações com reguladores estaduais, e que concordam em discutir a inversão do ônus da prova para demandas de sigilo -- atualmente, o EPA é obrigado a conceder o direito de sigilo a menos que possa provar, no prazo de 90 dias, que a divulgação da informação não afetará os negócios da empresa.

O jornal informa ainda que a administração Obama já está tentando reduzir o segredo na indústria química. Em julho, uma semana após assumir o cargo de administrador-assistente do Escritório da EPA para Prevenção, Pesticidas e Substâncias Tóxicas, Steve Owens pôs fim ao sigilo de 530 químicos. Nestes casos, os fabricantes haviam pedido sigilo para químicos que eles haviam promovido pelo nome em seus websites ou divulgado detalhadamente em revistas de negócios.

Com efeito, o que demandam os grupos ambientalistas estadunidenses é o mínimo do mínimo, uma vez que, para que se pudesse garantir a segurança da população e do meio ambiente, seria importante que as informações sobre os químicos presentes nos produtos comercializados fossem todas públicas. Mas oxalá consigam ao menos melhorar a legislação sobre o tema.

Se conseguirem começar a mudar este padrão de proteção descabida à indústria, poderão também dar um bom exemplo ao Brasil -- pois aqui a situação não é muito melhor do que lá.

No Brasil apenas os agrotóxicos são registrados. No registro, os fabricantes são obrigados a informar os componentes da formulação (são estes componentes, inclusive, que têm sido encontrado adulterados em fiscalizações recentes realizadas pela Anvisa -- ver “1. Anvisa faz mais uma apreensão de agrotóxicos adulterados”, no Boletim 469). Entretanto, estas informações comumente não são muito precisas. Há, por exemplo, algumas substâncias que são comercializadas pelas indústrias petroquímicas para vários setores industriais, inclusive o de agrotóxicos, e nem sempre as formulações são conhecidas. Recentemente uma fiscalização da Anvisa em agrotóxicos encontrou uma substância (Toximul 3403 F) cuja ficha de segurança química indicava que sua composição era confidencial.

Mas o pior é que, salvo no caso dos agrotóxicos, não existe uma lei que obrigue o registro dos produtos químicos utilizados no Brasil. Químicos usados como solventes de tintas, vernizes, em automóveis etc. não possuem registro no Brasil, muito menos têm a sua composição conhecida.

- Leia a íntegra da matéria do Washington Post, em inglês, em:

http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2010/01/03/AR2010010302110.html

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Neste número:

1. Ruralistas tentam escancarar venda de agrotóxicos

2. Anvisa esclarece: capina com agrotóxicos nas cidades é proibida!

3. Câmara aprova PEC que inclui alimentação entre os direitos sociais

4. Sojeiros do Mato Grosso ameaçam processar Monsanto

5. MAPA abre consulta sobre norma para exportação de sementes transgênicas

6. A novela da alfafa transgênica nos EUA: Monsanto será ouvida novamente

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura

Desenvolvimento Participativo de Metodologias e Processos de Construção do Conhecimento Agroecológico no Estado do Rio de Janeiro

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1. Ruralistas tentam escancarar venda de agrotóxicos

Está em curso uma ofensiva do setor ruralista - que inclui Ministério da Agricultura, bancada do agronegócio e fabricantes de agrotóxicos - sobre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O objetivo do lobby é suspender a fiscalização e obrigar a Anvisa a liberar a comercialização de agrotóxicos no país, muitos já proibidos e banidos na China, na União Europeia e no Paraguai, por exemplo. A agência é responsável pelo controle desses produtos e por identificar seus malefícios à saúde.

A reportagem de Evandro Éboli, publicada pelo jornal O Globo em 31/01/2010, merece ser lida na íntegra:

“A pressão sobre a Anvisa aumentou no segundo semestre de 2009. Diretores do ministério, dirigentes de empresas, sindicatos de fábricas desses defensivos agrícolas e parlamentares iniciaram uma campanha para rever proibições da Anvisa e suspender consultas públicas feitas pela agência, com parecer pelo banimento desses ingredientes.

As empresas estão recorrendo à Justiça, que tem dado ganho de causa à Anvisa.

Stephanes participa de pressão sobre Anvisa

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, participa diretamente dessa ação contra a Anvisa e comandou, no início de dezembro, uma reunião em sua sala para tratar do assunto. Estavam presentes todos os segmentos interessados na liberação dos agrotóxicos, e representantes do Ministério do Meio Ambiente e da Anvisa. A temperatura subiu, e o clima fechou entre Stephanes e representantes da Anvisa. O ministro não esconde o descontentamento.

- A Anvisa não pode decidir sozinha sobre agrotóxicos. Não é uma decisão exclusiva da agência. Sei que a agricultura orgânica é melhor do que a que utiliza agrotóxico. Mas não tenho dúvida que, sem esses produtos (agrotóxicos), não vamos produzir mais e alimentar mais gente. Claro que, se algum deles faz, de fato e comprovadamente, mal à saúde, defendo que seja retirado do mercado - disse Stephanes.

Essa frente de defesa do agronegócio contra a Anvisa chegou ao extremo no dia 23 de dezembro do ano passado, quando dois parlamentares da bancada ruralista - Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Paulo Piau (PMDB-MG) - enviaram um ofício ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Nesse ofício, argumentaram que, na reunião no Ministério da Agricultura, ficou decidido que a Anvisa cedera e teria se comprometido a fazer mudanças na reavaliação toxicológica de ingredientes ativos, utilizados em mais de 200 agrotóxicos no Brasil.

Esses parlamentares chegaram a enviar em anexo a minuta de uma instrução normativa, a ser baixada por Temporão, suspendendo consultas públicas de quatro produtos e revogação de decisões sobre vários agrotóxicos. Os parlamentares chegaram a fazer, no documento, duros ataques à direção da Anvisa, acusada por eles de defender interesses obscuros.

“É um tiro de morte na autonomia da Anvisa”

“Sr. ministro, estamos falando de produtos essenciais para a agricultura brasileira, setor responsável pelo superávit da balança comercial e grande gerador de riquezas e empregos neste país. São claros e evidentes os interesses obscuros dos gestores dessa agência (Anvisa) ao se intitularem os únicos e exclusivos responsáveis por tão importante decisão”.

O ex-ministro da Saúde Agenor Álvares, diretor da Anvisa desde maio de 2007 e responsável pela área de agrotóxicos, reagiu com indignação à pressão dos setores ruralistas. Afirmou que, na reunião no Ministério da Agricultura, da qual participou, jamais a agência cedeu e sinalizou com a revisão de consultas públicas ou proibições.

Agenor disse que não foi feito acordo algum e que não haverá qualquer recuo da Anvisa.

O diretor afirmou também que essa pressão visa a atingir a autonomia da Anvisa e criticou a elaboração da instrução normativa que, se fosse publicada, iria liberar todos os produtos hoje sob suspeita de agredir a saúde.

- É uma proposta inaceitável, dos maiores absurdos que já vi. Essa pressão é uma intervenção direta na autonomia de uma agência, cujo papel é proteger a saúde da população. E estamos obtendo o respaldo da Justiça nas nossas decisões. Se interesse escuso há, é o de defender a saúde do brasileiro contra esses produtos. Essa pressão é um tiro de morte na autonomia da Anvisa, que não vai arredar pé - disse Agenor.

Produtos perigosos

ABAMECTINA: O produto pode provocar aborto ou má-formação. É proibido na Nova Zelândia.

ACEFATO: Pode causar danos no cérebro e nos nervos e provocar câncer a longo prazo. É proibido em toda a Comunidade Europeia.

CARBOFURANO: Provoca sintomas graves, que aparecem em um ou poucos contatos com o produto e pode levar à morte. É proibido na Comunidade Europeia, Estados Unidos, Líbia e Canadá.

CIHEXATINA: Pode causar câncer, aborto e má-formação no feto. Pode atingir o cérebro e os nervos. É proibido no Japão, Estados Unidos, Canadá, China, Áustria e Comunidade Europeia.

ENDOSSULFAN: Pode alterar o funcionamento de várias glândulas, como tireóide, e atingir órgãos como ovários, testículos e o pâncreas. É proibido na Comunidade Europeia, Índia, Burkina Faso, Cabo Verde, Nigéria, Senegal e Paraguai.

FORATO: Causa vários sintomas graves que podem levar à morte e tem capacidade de provocar danos no cérebro e nos nervos. É proibido nos Estados Unidos, Comunidade Europeia, Tailândia e Austrália.

METAMIDOFÓS: Pode causar danos no cérebro e nos nervos e outros sintomas graves, com risco de morte. É proibido na Comunidade Europeia, Paquistão, Kuwait, Indonésia e China.

TRICLORFOM: Pode causar câncer, má-formação no feto, além de atingir o cérebro. É proibido na Comunidade Europeia.”

2. Anvisa esclarece: capina com agrotóxicos nas cidades é proibida!

A capina química em áreas urbanas expõe a população ao risco de intoxicação, além de contaminar a fauna e a flora local. Por esse motivo, tal prática não é permitida. Para orientar municípios de todo país sobre os perigos do uso de agrotóxicos nas cidades, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma nota técnica sobre o tema.

“Esse esclarecimento está sendo efetuado devido ao recebimento de inúmeras denúncias sobre a realização dessa prática ilegal e questionamentos da sociedade sobre a real necessidade da pulverização desses produtos químicos em ruas, calçadas, praças e parques das cidades”, diz Dirceu Barbano, diretor da Anvisa. Devido à ausência de segurança toxicológica, desde 2003 a Agência não permite a aplicação de herbicidas em ambientes urbanos.

Fonte: Anvisa, 01/02/2010.

3. Câmara aprova PEC que inclui alimentação entre os direitos sociais

O Plenário aprovou nesta quarta-feira, em segundo turno, a PEC 47/03, do Senado, que inclui o direito à alimentação como um dos direitos sociais previstos no artigo 6º da Constituição. A proposta irá à promulgação em sessão do Congresso.

Atualmente, o texto constitucional prevê como direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, e a assistência aos desamparados.

Segundo o relator da comissão especial que analisou a proposta, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), a inclusão atende a tratados internacionais aos quais o País aderiu, garantindo que as ações de combate à fome e à miséria se tornem políticas de Estado e não estejam sujeitas a mudanças administrativas.

Coimbra argumentou que a inclusão do direito à alimentação vai garantir a manutenção ou criação de políticas de apoio aos segmentos vulneráveis e também de políticas de combate à miséria.

Entre essas políticas, ele destacou as de renda; de uso de técnicas de produção sustentáveis; de promoção de práticas de boa alimentação; de garantia de água e alimentação em tempos de crise; e do direito à qualidade nutricional dos gêneros alimentícios.

Leia a íntegra da proposta em:

http://www2.camara.gov.br/internet/proposicoes/chamadaExterna.html?link=http://www.camara.gov.br/internet/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=114145

Fonte:

Câmara dos Deputados, 03/02/2010.

http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/144998.html

4. Sojeiros do Mato Grosso ameaçam processar Monsanto

A explicação para o uso seguido da soja da Monsanto nas palavras de um sojeiro do Mato Grosso: “Temos informações de que a Monsanto está induzindo as sementeiras do Estado a produzir somente sementes transgênicas”. Taí, a força do monopólio fala mais alto do que qualquer suposto benefício para os agricultores. Matéria do Diário de Cuiabá, publicada em 29/01/2010, dá mais detalhes da situação e ainda revela que a empresa segue cobrando royalties mesmo dos produtores que tiveram sua soja convencional contaminada:

“Em Cuiabá, a Aprosoja prepara ação judicial contra a empresa e, em Sinop produtores também devem seguir o mesmo caminho

A guerra dos produtores mato-grossenses à Monsanto - multinacional detentora da tecnologia de sementes transgênicas da soja, conhecida como RR (Roundup Ready) - está declarada. Depois de esgotadas todas as tentativas de diálogo com a empresa, os produtores já pensam em acionar a Justiça. Em Cuiabá, a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja) prepara ação judicial contra a Monsanto. E em Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá), os produtores também estudam entrar na Justiça contra a empresa.

A Aprosoja quer saber se os valores pagos em royalties pelos sojicultores são devidos. (...)

Em Mato Grosso, os produtores elevaram a área plantada de transgênicos de 2,6 milhões de hectares (safra 2008/09) para cerca de três milhões de hectares na safra deste ano. A expansão da área vai aumentar também o lucro da Monsanto, que saltará de R$ 39 milhões para R$ 45 milhões de uma safra para outra, incremento de 15,38%. O valor cobrado pela Monsanto pelo uso da patente, de acordo com cálculos dos produtores, é de R$ 15 por hectare.

A Aprosoja pretende fazer uma notificação para que a Monsato apresente justificativas para a cobrança do royalties. “Temos informações de que a Monsanto está induzindo as sementeiras do Estado a produzir somente sementes transgênicas”, denuncia Silveira. Em Mato Grosso, os transgênicos já ocupam metade de toda a área plantada de soja, cerca de 6 milhões de hectares.

SINOP - Depois de várias conversações, sem resultado, o Sindicato Rural de Sinop estuda propor ação contra a Monsanto. Atualmente, cerca de 50% das lavouras da região Norte de Mato Grosso são cultivadas com variedades transgênicas. (...)

O presidente do Sindicato, Antônio Galvan, explicou que são feitas duas cobranças. A primeira delas na compra da semente, por meio de boletos. “Em janeiro, eles cobraram R$ 0,45 cada quilo de semente, o que equivale a cerca de 30% do preço da saca”.

O principal questionamento é quanto a segunda cobrança, que é feita na saída do produto. Ao chegar nos armazéns, o grão passa por um teste que vai apontar se é transgênico ou não. O problema ocorre porque, em muitos casos, a oleaginosa convencional é contaminada e os produtores acabam tendo que pagar os royalties sem ter adquirido sementes transgênicas.

Isso ocorre tanto na lavoura, por meio de polinização ou na hora do plantio, quanto na hora de estocar a safra. “Se tiver uma lavoura de soja transgênica ao lado de uma convencional, na época da florada, pode ocorrer a polinização. Se as máquinas, na hora do plantio, não forem bem limpas e ficar algumas sementes de transgênicos, também pode haver a contaminação. Desta forma, na hora dos testes, são consideradas transgênicas”.

Fonte: http://pratoslimpos.org.br/?p=726

- Leia mais sobre a briga de produtores com a Monsanto:

Sindicatos rurais vão à Justiça, mas Monsanto não abre mão de taxa

Na Câmara dos Deputados, sojicultores transgênicos começam a expor o drama de se tornarem reféns da Monsanto

Teste de detecção de transgênico errado em Tupaciretã-RS

5. MAPA abre consulta sobre norma para exportação de sementes transgênicas

A Portaria da Secretaria de Defesa Agropecuária SDA/MAPA nº 7, de 21/01/2010, submete à consulta pública, pelo prazo de 30 dias, o projeto de Instrução Normativa que aprova os procedimentos relativos à notificação e ao consentimento prévio para exportação de organismos vivos modificados (OVMs) destinados à introdução intencional no meio ambiente, com vistas a atender ao disposto no art. 8 do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança da Convenção de Diversidade Biológica.

A Portaria está disponível em:

http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=21455

N.E.: Curiosa a publicação desta portaria agora. Há outros artigos do Protocolo de Cartagena que são, na nossa opinião, bem mais importantes que o Art. 8 e que ainda não foram regulamentados no Brasil (como por exemplo o Art. 18, que trata da identificação de OVMs destinados à alimentação humana e animal). Estarão as múltis de olho na exportação de sementes transgênicas para outros países?

Fonte: http://pratoslimpos.org.br/?p=751

6. A novela da alfafa transgênica nos EUA: Monsanto será ouvida novamente

A Suprema Corte dos EUA aceitou ouvir novamente a Monsanto no processo que proibiu o cultivo de alfafa transgênica tolerante a herbicida no país. O plantio da alfafa Rounudp Ready (RR) está proibido desde 2007 por decisão judicial.

Em junho de 2009 o Tribunal de Recursos da Nona Região havia negado a petição da Monsanto para um novo recurso, reafirmando a decisão de tribunais inferiores que proibiram o cultivo até que o Departamento de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) realizasse uma completa avaliação de riscos ambientais e determinando que nenhum outro recurso seria aceito no processo.

O principal motivo que levou à proibição da alfafa é a contaminação genética, que coloca em risco o cultivo de variedades convencionais e orgânicas.

Em sua recente decisão divergente, o juiz N. Randy Smith argumenta em favor da necessidade de se conduzirem novas audiências antes de se emitir uma decisão definitiva e coloca em dúvida a necessidade de uma proibição nacional para a cultura.

Extraído de Law 360, 15/01/2010.

http://www.law360.com/print_article/143890

Publicado em: http://pratoslimpos.org.br/?p=748

Sistemas agroecológicos mostram que transgênicos não são solução para a agricultura

Desenvolvimento Participativo de Metodologias e Processos de Construção do Conhecimento Agroecológico no Estado do Rio de Janeiro

O Projeto “Desenvolvimento participativo de metodologias e processos de construção do conhecimento agroecológico no Estado do Rio de Janeiro” (CNPq/UFF/AARJ) foi proposto a partir de uma demanda da Articulação de Agroecologia do RJ e vem sendo desenvolvido em sintonia com diversas experiências de mapeamento que integram a Articulação Nacional de Agroecologia. Teve início em 2008 e finaliza no início de 2010. Seu objetivo principal é desenvolver metodologias de identificação, mapeamento, sistematização e intercâmbio de experiências em agroecologia, dinamizando redes locais e regionais de construção do conhecimento agroecológico, assim fortalecendo a Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro.

Sua principal meta é acompanhar e promover o desenvolvimento de experiências em Agroecologia no estado do Rio de Janeiro. Assim, enfoca-se o desenvolvimento de metodologias participativas de identificação, intercâmbio, mapeamento e sistematização de experiências agroecológicas por agricultores familiares no estado do RJ, tendo como eixo a participação e o diálogo de saberes. Busca-se desta maneira potencializar e articular os conhecimentos necessários à promoção de processos sustentáveis de desenvolvimento local e territorial, abordando o processo da organização local em torno da agroecologia no estado.

O trabalho tem como ponto de partida as iniciativas locais, as dinâmicas de intercâmbio e a atuação destas redes no território. O conceito de “experiência em agroecologia” remete a uma estratégia familiar ou coletiva de utilização/incorporação de princípios agroecológicos ao manejo dos agroecossistemas e ecossistemas naturais associados e aos processos de organização social e comunitária.

Almeja-se que o enfoque agroecológico vá se construindo no cotidiano da diversidade das experiências. O horizonte é possibilitar a construção social de mapeamentos que dêem visibilidade à apropriação do território pela agricultura familiar com base na agroecologia. O projeto pretende avaliar e debater as bases e possibilidades em torno das políticas públicas de desenvolvimento da agricultura em bases familiares e agroecológicas.

O mapeamento tem sido utilizado como um importante componente metodológico, pedagógico e político; há um aprendizado e apropriação do território enquanto um processo de luta, de planejamento e de conquista de metas.

O foco territorial do projeto se constitui com base em um processo de construção social de identificação e de mapeamento das experiências agroecológicas, de forma a fazer emergir o debate acerca das experiências. Esse processo vem sendo dinamizado a partir das metodologias participativas, incluindo reuniões, visitas, intercâmbios de experiências e encontros. Está em curso, entre agricultores das várias regiões de trabalho no estado do Rio de Janeiro, o fortalecimento de um processo social em torno de uma agricultura em bases agroecológicas.

Fonte: Agroecologia em Rede.

http://www.agroecologiaemrede.org.br/experiencias.php?experiencia=623

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Campanha Brasil Ecológico, Livre de Transgênicos e Agrotóxicos

Este Boletim é produzido pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e é de livre reprodução e circulação, desde que citada a AS-PTA como fonte.

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