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Experiências para a soberania energética marcaram programação da Conferência Nacional de Agroenergia


Arquivo (891171) A possibilidade de estender o direito do consumo de energia se tornou realidade em Erechim, no Rio Grande do Sul, devido à experiência da CRERAL Cooperativa de Energia Elétrica. Desde 1969, pela necessidade dos agricultores levarem energia até lugares afastados, se deu a formação da cooperativa que inicia sua história a partir da compra de energia das estatais. Porém em 1995, com as privatizações do setor elétrico, os agricultores associados decidem que a CRERAL deveria investir mais dinheiro na geração de energia usando PCH's (Pequenas Usinas). O objetivo era gerar energia com custo baixo, sem prejudicar o meio ambiente e sem relocar nenhuma família. As cooperativas de eletrificação rural, assim como a CRERAL, estão tentando encontrar seu espaço dentro desse novo modelo energético, mas enfrentam grande resistência das empresas distribuidoras privadas e do governo. As cooperativas estão buscando mecanismos para fazer frente a essas circunstâncias e depender menos das grandes corporações, usando sua própria rede de distribuição, investindo dinheiro para produzir sua própria energia: eles estão também buscando articulação entre cooperativas. Óleo vegetal é o futuro da energia Outra alternativa que além de proporcionar a soberania alimentar e energética, visa gerar renda e sustentabilidade aos pequenos agricultores organizados, é a experiência paranaense da Mini Usina comunitária de Óleo Vegetal, em Palmeira/Paraná. É um projeto da Rede Paranaense de Assistência Social (Repas) desenvolvido em parceria com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), o Instituto Cristão de Desenvolvimento (ICD), os Centros de Referência Social, o Departamento de Estudos Sócio-Econômicos Rurais (Deser) e Amas. O projeto conta com o apoio do Governo do Paraná e do Ministério do Desenvolvimento Agrário. De acordo com o pastor Werner Fuchs, da Repas, "o sistema permite a extração de vegetal a frio - máximo 55 graus de temperatura - mantendo as propriedades do grão e a baixo custo." A pequena planta industrial permite regulagem para cada tipo de grão. Uma mini-usina com capacidade de processar 50 quilos de grãos por hora extrai cerca de 7,5 litros de óleo de soja, 20 litros de óleo de girassol ou de amendoim e 25 litros de óleo de mamona. Também lembra que esta é uma experiência exitosa na Alemanha que atualmente possui grandes redes integradas de mini usinas. "Este é o nosso sonho, formar redes no Brasil", disse Fuchs. A partir da integração entre alimento, meio ambiente e energia, a COOPERBIO - Cooperativa Mista de Produção, Agroindustrialização e Comercialização em Combustíveis, desenvolve desde 2005 um projeto de auto desenvolvimento pelos agricultores. Romário Rosseto, presidente da Cooperativa e integrante do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) apresentou a experiência e afirmou que "o futuro da soberania alimentar e energética é o óleo vegetal". A Cooperbio foi criada com o objetivo de atuar no mercado de combustíveis alternativos e, como matéria-prima para produção de biodiesel são utilizadas várias oleaginosas como o girassol, mamona, colza, nabo forrageiro, soja, entre outras. "Além de serem naturais e os seus plantios não degradarem o meio ambiente, pois não são monoculturas e estão livres de agrotóxicos, eles fornecem mais óleo do que a soja. Do esmagamento da oleaginosa se obtém apenas 18% de óleo, enquanto que da mamona, por exemplo, se obtém mais de 50%," explicou Rosseto. Outro diferencial da Cooperbio é que o projeto consiste em produzir energia e alimento, fazendo com o agricultor participe de toda a cadeia produtiva e da venda. "Nós estamos trabalhando aqui a idéia de energia e alimentos. No caso, do álcool e biodiesel. Trabalhar, inclusive, o álcool com a produção de leite. Por exemplo, você pode tratar o bagaço da cana, aumentando a produtividade do leite. Então perfeitamente dá para trabalhar a produção de energia com alimento." disse. Tomas Fendel apresentou sua experiência - o motor de carro movido a óleo vegetal, inspirado no invento do alemão Ludwig Elsbett. Afirmou que a Alemanha é o exemplo em energias renováveis. "Na Alemanha existem mais de vinte mil carros andando a óleo vegetal, locomotivas andando a óleo vegetal", disse. Para justificar o uso de óleo vegetal explicou que o mesmo "possui propriedades lubrificantes e com seu uso correto aumenta ainda mais a vida útil dos motores diesel e de seus componentes." A utilização dos óleos vegetais como combustível trariam, na opinião de Fendel muitos benefícios como: Independência energética, seqüestro de carbono, emprego, desenvolvimento, biofertilizantes, sustentabilidade, a volta do homem ao campo, dignidade política, exportações de bioenergias preferencialmente a preços justos, etc. Experiência Negativa: Entre os relatos exitosos, Judson do NEAB apresentou como experiência negativa o Projeto Brasil Ecodiesel, implementado na área da Fazenda Santa Clara, no Piauí. Com o objetivo de produzir mamona para extração de óleo, numa parceira entre os governos estadual e federal o projeto atualmente apresenta graves problemas. Cerca de 700 famílias de pequenos agricultores foram levadas para a área destinada, que fica afastado 60 km da região central da Cidade, com a promessa de auto desenvolvimento "As famílias foram levadas para o alto da serra, ficando afastadas e ali começou a grande catástrofe das suas vidas, mas elas nem sabiam", relata Judson. O objetivo do projeto era que as famílias plantassem, colhessem e depois iniciassem processo de esmagamento da mamona para a extração óleo. Judson afirma que "o quadro atual da Fazenda é que pouco se produz mamona, tem se produzido carvão por lá. Além disso, no processo de esmagamento do pouco de mamona que se colheu, muitos agricultores tiveram problemas de envenenamento pela falta de assistência no local." Outro fato negatio da experiência foi o contrato precário de trabalho feito com os trabalhadores que hoje por família recebem o valor de 150 reais. Ana Carolina Caldas - Assessoria de Comunicação Terra de Direitos Autor/Fonte: Tdd/ Fotos:Joka Madruga Arquivo (891171)



Ações: Biodiversidade e Soberania Alimentar

Eixos: Biodiversidade e soberania alimentar