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G8 promete o fim dos subsídios agrícolas


Os dirigentes do G8 (grupo dos sete países mais ricos mais a Rússia) concordaram em abolir o pagamento de subsídios às exportações de seus produtos agrícolas e em reduzir as ajudas concedidas a todos os produtos agrícolas, embora não tenham definido uma data para isso. "Estamos comprometidos em eliminar todas as formas de subsídio às exportações", disseram os dirigentes em comunicado divulgado no encerramento de sua reunião de cúpula, em Gleneagles, na Escócia. "Estamos comprometidos em reduzir significativamente a ajuda interna, que causa distorções."O acordo foi alcançado depois de o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ter dito que ele e os líderes da União Européia tinham chegado a um consenso no sentido de abolir, até 2010, os US$ 112 bilhões gastos por ano pelos países ricos em subsídios destinados a ajudar seus agricultores. Bush disse que essa ajuda deveria ser eliminada como parte das negociações da Rodada Doha de liberalização do comércio, realizadas no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio). As delegações que negociam acordos comerciais de alguns dos maiores países vão se reunir em Dalian, na China, na semana que vem para reiniciar as conversações sobre o corte de tarifas e de subsídios agrícolas, que entraram num impasse. Os 30 países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne países desenvolvidos) gastaram, no ano passado, US$ 279,5 bilhões em subsídios, tarifas e outras formas de proteção aos agricultores, segundo relatório da organização. Isso equivale a 30% da receita que esses países obtêm com a agricultura. Esses gastos são calculados levando em conta seu custo para contribuintes e consumidores. Os custos incluem os pagamentos diretos aos agricultores e os preços mais altos que os consumidores pagam pelos alimentos. A União Européia, que congrega 25 países, foi a que mais pagou subsídios a seus agricultores: US$ 100 bilhões em 2004, contra US$ 49 bilhões do Japão e US$ 47 bilhões dos Estados Unidos, de acordo com a OCDE. Só com a ajuda do governo norte-americano aos produtores de algodão do país, os agricultores brasileiros têm prejuízos de US$ 480 milhões por ano, segundo estimativa da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão). Os analistas, no entanto, disseram que não ficou claro, de imediato, que Bush tenha defendido a eliminação de toda a ajuda. Um acordo preliminar firmado na OMC no ano passado previa o fim dos subsídios às exportações de produtos agrícolas, que constituem apenas uma parcela da ajuda à agricultura, e Bush poderia estar se referindo somente a esses desembolsos. Mandelson O comissário do Comércio da UE, Peter Mandelson, disse ontem que o bloco está disposto a abrir mais seu mercado a produtos agrícolas se os Estados Unidos reduzirem seus subsídios ao setor. O anúncio vem depois de Bush ter dito que os EUA acabariam com a ajuda aos agricultores se a UE fizesse o mesmo. A oferta foi feita por Mandelson durante uma reunião a portas fechadas com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, e com os ministros do Comércio dos EUA e da Índia, Rob Portman e Kamal Nath, antes da miniministerial da China. Segundo fontes ouvidas pela France Presse, Amorim reagiu à proposta de Mandelson dizendo que ela era um caminho para reativar as negociações na OMC. Autor/Fonte: Folha de S. Paulo - 08/07/2005




Eixos: Terra, território e justiça espacial