Hoje o grupo de trabalho que está tratando do tema sobre as sementes ‘terminator', na 8ª Reunião das Partes (COP 8) da Conferência sobre Diversidade Biológica (CDB), unanimemente rejeitou o texto que tentava enfraquecer a moratória hoje vigente contra a tecnologia que produz plantas com sementes estéreis.O texto rejeitado tentava colocar a expressão ‘caso a caso' para permissão de experimentos com os ‘terminators'. A Austrália, o Canadá e a Nova Zelândia, apoiados pelos Estados Unidos, que não fazem parte da Covenção, e pelas maiores indústrias de biotecnologia do mundo, estavam tentando modificar o texto da moratória para que, na prática, fosse permitido experimentos em campo com a tecnologia terminator. "Esse é um dia de celebração para 1,4 bilhões de trabalhadores rurais pobres em todo o mundo, que dependem de suas próprias sementes", disse Francisca Rodriguez, da Via Campesina. "A tecnologia terminator é uma arma de destruição em massa e um sequestro de nossa soberania alimentar", concluiu. "Essa tecnologia ameaça diretamente a vida, a cultura e a identidade de muitos povos no mundo todo", concluiu Viviana Figueroa, da comunidade indígena Ocumazon, da Argentina. "O senso comum prevaleceu, acabar com a moratória sobre as sementes terminator seria um ato suicida", afirmou Benedikt Haerlin, do Greenpeace Internacional. "Essa foi uma vitória da sociedade civil de todo o mundo, e principalmente dos 1,4 bilhões de trabalhadores rurais que dependem da agricultura familiar e de sua própria produção de sementes para sobreviver", concluiu. Os terminators, ou GURTS (na sigla em inglês para tecnologias genéticas de uso restrito), são um tipo de engenharia genética feita por multinacionais que produz sementes originando plantas estéreis, que não podem se reproduzir. Como há uma grande taxa de contaminação genética de lavouras convencionais por sementes transgênicas, muitos lavradores teriam seus cultivos contaminados, não podendo mais produzir sementes de sua própria lavoura, prática feita por mais de um bilhão de agricultores em todo o mundo. "Essa decisão é um grande passo para a Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos", disse Maria Rita Reis, da ONG Terra de Direitos. "Essa decisão fortalece a proibição existente no Brasil contra os terminators, e é uma mensagem clara ao governo brasileiro e ao Congresso Nacional de que o mundo apóia o banimento dessa tecnologia". Apesar da vitória de hoje, a indústria de biotecnologia vai continuar tentando impor esse tipo de engenharia genética de sementes estéreis até a decisão decisiva vai ser na COP de 2008. "A única solução é conseguir a proibição definitiva dos ‘terminators' de uma vez e para todos. Agora todos os governos nacionais devem fazer decretos para a proibição, como Brasil e Índia já fizeram!", concluiu Pat Mooney, da Ban Terminator Campaign. Maiores informações com assessoria de imprensa Via Campesina: Igor Felippe Santos - 41 8411-9769 Solange Engelmann - 41 8411 9794 Autor/Fonte: Igor Felippe Santos e Solange Engelmann