Cerca de 25 mil pessoas participaram, em 21 de agosto de 2005, da 20ª Romaria da Terra do Paraná, realizada no município de São Pedro do Ivaí, região Norte do Estado. O evento teve como objetivo, segundo a Comissão Pastoral da Terra, denunciar as conseqüências negativas do modelo de agricultura chamado de agronegócio: "esse é um novo rótulo que tenta disfarçar a velha face do latifúndio", declarou Dom Ladislau Biernaski durante o evento, que contou com inúmeras autoridades políticas e religiosas.Durante a manhã os romeiros/as se reuniram num espaço da cidade, onde as pessoas eram acolhidas num portal em forma de casa, representando as antigas casas dos moradores do município. O cenário da celebração também contava com uma grande árvore enfeitada com diversos frutos e flores (a árvore da biodiversidade), da qual saía um rio. Durante a celebração foi representada a sacralidade da terra e a sua profanação: um dos pontos altos foi a entrada de uma máquina, representando o agronegócio, que destruiu o cenário, derrubando a árvore, expulsando as pessoas, destruindo as plantações e assoreando o rio. Um trator com veneno também foi usado para denunciar o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras de cana-de-açúcar da região. Outro ponto emocionante do evento foi a entrada de um ônibus com assalariados rurais, que plantaram simbolicamente cana na terra enquanto um trabalhador denunciava as violações de direitos trabalhistas e perseguições sofridas pelos trabalhadores/as. Por volta das 11 horas a multidão seguiu em caminhada por entre os canaviais até uma propriedade rural de onde se avistava a Usina de Açúcar e Álcool e as plantações de cana da região. Durante a caminhada, num momento de muita emoção, os romeiros/as plantaram uma cruz de cedro com um pedaço de um braço dos tratores que recolhem a cana depois de colhida. A celebração foi encerrada por volta das 15h30 com a distribuição de 300 quilos de doce oferecido como memória de que o açúcar deve ter um gosto agradável e não amargo, como tem sido até agora. Os doces também lembraram a festa dos 20 anos das Romarias da Terra e de 30 anos da própria CPT. O agronegócio, mais uma vez profana a terra e os elementos sagrados do povo do campo: a cruz que foi plantada como marco da passagem da Romaria da Terra por São Pedro do Ivaí foi arrancada na madrugada desta Segunda-feira, horas depois do final da Romaria. As lideranças da comunidade local reagiram com profunda indignação, considerando o ato um grande desrespeito aos milhares de romeiros(as) que participaram da 20 ª Romaria da Terra do Paraná. A cruz de cedro é um símbolo que acompanha as Romarias da Terra há vários anos. Simboliza sempre o projeto de vida que se contrapõe ao projeto de morte, já que a cruz brota em poucos meses e se torna uma árvore, sinal de que a vida sempre vence. É um símbolo que está presente em várias cidades por onde a Romaria passou. A CPT e a comunidade local, juntamente com as demais entidades que participaram da Romaria da Terra recebeu com indignação a notícia e já encaminhou junto à Prefeitura do Município o replantio do símbolo. Autor/Fonte: CPT-PR