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“Sou um otimista trágico. Há alternativas, uma vez que há demasiada gente que vive sem nenhuma”.


conteudo16394 Confira alguns dos temas abordados por ele, compilados numa resenha livre. Há duas linhas seguidas dentro do direito, a reformista e a revolucionária. O direito reformista tem a função de manter a ordem pública, dar base ao contrato social, controlar expectativas, mas sem deixar que elas deixem de existir. O estado garante direitos mínimos como a saúde e a previdência para que todos se sintam, de alguma forma, incluídos no contrato social. Se o direito moderno nasceu ligado à revolução - podemos citar a revolução americana e a francesa, no decorrer da história, foi sendo apropriado pelo estado. Já as revoluções mais recentes como a do México e a Russa podem ser consideradas revoluções que contestaram o estado de direito. Vivemos problemas modernos, mas não temos soluções modernas para eles. A crise política dos anos 80 deu condições para que a democracia fosse vista como um modelo único. Hoje, vivemos um tempo muito tardio para ser pós-revolucionista e muito prematuro para ser pré-revolucionista. Há uma relação dialética entre o colapso tanto do reformismo quanto da revolucionismo e não há uma agenda política. A relação entre a democracia moderna e o capitalismo é intrínseca. Hoje a democracia tornou-se condição para tudo. Foi eliminada a tensão entre o capitalismo e a democracia. A democracia é a forma legal do estado fraco. Ela é imposta pelo Banco Mundial a todos os estados. Mas, nem todos querem o capitalismo, como Cuba e alguns países da África, existe expectativas por outros modelos políticos. A democracia não tem função redistributiva e o estado não tem capacidade de governança - mas, cuidado, essa palavra é uma armadilha do Banco Mundial. Há demasiada democracia, todos exigem seus direitos e os estados não têm como atendê-los. O problema agora não é legitimidade do estado e sim a governabilidade. Nesse contexto, o direito não tem a função de promover a revolução social, ele está despolitizado. Conjuntura econômica e social Quem está vivo hoje e não sabe se amanhã estará não pode se dar ao luxo de ser pessimista. Este é um luxo da classe média. O sofrimento vem da diferença entre as vivências e expectativas que temos. A tendência é uma fusão dos âmbitos político e econômico. Tudo se compra e se vende. Assim, a corrupção torna-se natural. Os 300 homens mais ricos do hemisfério norte têm mais dinheiro que os 40 países mais pobres do hemisfério sul. Há pessoas que são descartáveis. Isso é um fascismo social, um apartheid social. A capacidade redistributiva é mínima. Os grupos privados assumem cada vez mais os espaços e poderes públicos. As democracias têm baixa representatividade e participação. Os cidadãos não se sentem representados e não tem voz ativa. O sistema vigente parte do pressuposto que os cidadãos não têm condições de formular soluções e o estado que era uma solução hoje é um problema. Mesmo assim a democracia é muito melhor que a ditadura. Terrorismo e criminalização dos movimentos sociais A criminalização da luta social a partir do antiterrorismo faz com que alguns estados estejam criando verdadeiras zonas francas de despotismo. As lutas sociais modernas visam à inclusão de segmentos excluídos ao contrato social. Defendo a luta ilegal, mas não violenta. Há também a privatização da segurança. Há lugares em que o número de policiais privados é maior que os públicos. As monoculturas do direito podem ser transpostas para uma ecologia, como exemplos: 1- saber técnico único / saberes populares; 2- unidade de interpretação das leis / pluralismo de idéias; 3- subjetividade - favorecimento das classes dominantes / cidadão coletivo; 4- onipotência do direito / politização das lutas; 5- leis em escala nacional / leis escalas inter-relacionadas em âmbitos local/regional/global. "Nem tudo que é juridicamente estabelecido é legal". Atuais lutas contra hegemônicas: - defesa de movimentos sociais - advocacia popular; - promoção do direito trabalhista; - defesa da biodiversidade; - defesa e preservação das culturas indígenas e de afrodescendentes; - inclusão dos não-cidadãos (imigrantes, fugitivos). "É preciso buscar a reforma política do estado e levar a cidadania para todos os espaços sociais". Autor/Fonte: Terra de Direitos / Foto: Forum 2004 - Barcelona :: Arquivos conteudo16394




Eixos: Democratização da justica e garantia dos direitos humanos