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Transgênicos podem ter contaminação


Análises laboratoriais feitas na Universidade Federal do Paraná (UFPR) sugerem que a soja transgênica tem mais propabilidade de estar contaminada com elevados resíduos de agrotóxicos do que a convencional. De 23 amostras de soja modificada geneticamente, enviadas para análise pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), 17 apresentaram resíduos de glifosato e de seu metabólito AMP (ácido aminomedilfosfonico), agrotóxico cuja aplicação na soja pós-emergente (planta desenvolvida) era proibido antes da aprovação da lei de Biossegurança.Uma das amostras apresentou 14 miligramas por quilo (mg/kg), resíduo acima do permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cujo limite é de 10 mg/kg. Segundo o engenheiro agrônomo Reinaldo Skalisz, chefe da Fiscalização do Receituário Agrônomo e Ecotoxicologia da Seab, o governo do Paraná está preocupado com o destino da soja contaminada. Segundo ele, com a impossibilidade de exportar a soja transgênica, ''certamente o produto está sendo industrializado e comercializado no mercado interno, situação que eleva os riscos para o consumidor brasileiro'', avisou. Skalisz acredita que a contaminação da soja transgênica por agrotóxico é maior do que se imagina. Segundo ele, as análises foram feitas apenas por amostragem, o que indica que os resíduos podem ser maiores do que o permitido. Ele chamou a atenção para a manobra do governo, quando da aprovação da lei de Biossegurança, que liberou o plantio, industrialização e comercialização da soja modificada geneticamente. Essa manobra aumentou os riscos para a saúde do consumidor em função da contaminação por agrotóxicos. O Limite Máximo de Resíduos (LMR) de agrotóxicos apresentados em alimentos é estipulado pela Anvisa. No início de 2004, este número aumentou em 50 vezes: foi de 0,2 mg/kg para 10 mg/kg. ''Apesar de estarem dentro da legalidade, os índices de resíduos do glifosato apresentados nas amostras analisadas são bastante preocupantes'' afirmou o técnico. Skalisz alerta o consumidor para a contaminação que pode estar no suco feito com leite de soja, no próprio leite de soja e derivados como bolachas, doces, salgadinhos e outros produtos. Segundo o engenheiro agrônomo, a aplicação do glifosato só era permitida na fase de pré-emergência, antes da planta se desenvolver. O agrotóxico era utilizado para matar as plantas daninhas. Na soja transgênica, o produto é aplicado sobre a planta já desenvolvida. ''Como é modificada geneticamente, a soja não morre como acontecia com a erva daninha'', explicou o agrônomo. Outra preocupação do governo do estado, segundo Skalisz é com as exportações. ''Logo os países importadores, observando todos esses riscos, poderão restringir a entrada da soja transgênica brasileira por estarem contaminadas com glifosato e AMP'', explicou. Autor/Fonte: FOLHA DE LONDRINA - 16/07/2005




Eixos: Biodiversidade e soberania alimentar