Levo meu quilombo comigo – Pra onde eu for, levo meu território nas imagens e na memória
Assessoria de comunicação Terra de Direitos
Para onde as mulheres quilombolas forem, o território tradicional a acompanha. Como elemento constitutivo de quem são, como pauta de reivindicação e memória.
Registrar em foto e vídeo os momentos da comunidade tradicional é algo comum na vida das mulheres quilombolas. Além de criar uma memória virtual das práticas, da cultura, dos momentos coletivos e organizativos da comunidade, esses arquivos armazenados nos celulares (e as vezes, publicado nas redes sociais) também são instrumentos de luta na defesa de políticas públicas, na comprovação de atividades econômicas e na partilha das atividades das mulheres com outras comunidades quilombolas e demais povos tradicionais.
No Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela, celebrado em 25 de julho, a gente mergulha nos arquivos de celulares de mulheres de comunidades quilombolas do Paraná.
Com consentimento e a partir da narração delas a gente entra em contato com o plantio de arroz orgânico e produção de mudas nativas da Mata Atlântica pela Comunidade quilombola Rio Verde, em Guaraqueçaba. “A maioria das mudas é pra replantação para área já devastadas da Mata Atlântica. A gente viu no nosso território um poder em contribuir com mudas nativas que tinha. A gente passava debaixo da árvore e tinha muita muda, daí a gente replantou as sementes e tem dado certo”, relata Marta Pontes Gonçalves. Ela conta que o trabalho é resgate de sementes e replantio é feita predominantemente por mulheres da comunidade.
Imergimos também na produção de bonecas Abayomi, pela Comunidade quilombola Mamãs, de Castro. Voltado para as famílias quilombolas e comunidade externa, as oficinas de produção das bonecas são momentos de “integração, união, de terapia, de se desligar da casa, dos afazeres do dia a dia, de se dar importância”, enfatiza Rozilda Oliveira Carddoso.
E conhecemos a dinâmica coletiva de plantio da Comunidade quilombola Gramadinho. Localizada em Doutor Ulisses, a comunidade realiza mutirões para as famílias contribuírem mutuamente nos plantios. “A gente junta o pessoal pra fazer a roçada e o plantio. E na roçada do outro [outra família], ai junta o pessoal de novo e vai trabalhar pra ela também”, conta Marlene Rosa Monteiro.
Veja um pouco destes registros.
Só há um efetivo enfrentamento da crise climática com a participação de mulheres quilombolas
Assim como Tereza de Benguela, mulheres quilombolas lutam contra a invisibilização de seus territórios e o silenciamento de suas vozes.
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