Vacinômetro Quilombola - 1ª Edição
Considerando o quadro geral de omissão do Estado brasileiro com o impacto da pandemia da Covid-19 nos quilombos, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), com apoio da Terra de Direitos e da Ecam Projetos Sociais, monitora como tem decorrido a vacinação de quilombolas como grupo prioritário em todo o país.
Quilombolas foram incluídos como grupo prioritário na vacinação contra a Covid-19 em fevereiro de 2021, por meio de decisão da Suprema Corte. Naquele momento, a vacinação da população em geral havia iniciado há pouco tempo e avançava a passos lentos no Brasil.
Passados quase seis meses dessa determinação, o levantamento da vacinação quilombola demonstra que o grupo tem enfrentado uma série de dificuldades para ter seu direito garantido.
Até agora, apenas 24% da população quilombola está totalmente imunizada com a aplicação das duas doses necessários ou dose única, e 11% dos quilombolas consultados não foram vacinados. Em termos de comparação, no início de agosto mais de 20% da população brasileira já estava totalmente vacinada. Ao analisarmos estados em que a vacinação está mais acelerada, como São Paulo, é possível verificar que mais de 25% da população em geral recebeu as duas doses da vacina. Na capital de São Paulo, por exemplo, a população acima de 25 anos já está sendo vacinada.
Este levantamento permitiu identificar problemas que se repetem em diferentes locais e que têm impedido o acesso amplo de quilombolas à vacina. Além da falta de informações, da transferência da responsabilidade do governo para as lideranças quilombolas e da falta de estrutura, é possível perceber como o racismo age nesses casos. A morosidade no processo de reconhecimento dos territórios quilombolas por parte da Fundação Cultural Palmares – que é o primeiro passo no processo de titulação - e a falta de titulação da terra também são usados como argumentos para impedir que quilombolas acessem o direito à vacinação.
Sobre o estudo:
Lideranças quilombolas de diferentes estados estão integradas em uma rede de trabalho colaborativo criada para monitorar o andamento da vacinação nos quilombos. Um questionário com perguntas abertas e fechadas foi aplicado por lideranças em quilombos de diferentes estados brasileiros.
Ações: Quilombolas
Eixos: Política e cultura dos direitos humanos
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