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Gazeta do Povo | Moradores da região da usina do Baixo Iguaçu fazem protesto em Curitiba


baixo_iguaçu PR_ MAB_2013Moradores da região que será afetada pela Usina Hidrelétrica do Baixo Iguaçu, entre os municípios de Capanema e Capitão Leônidas Marques (Sudoeste do Paraná), promovem protestos em Curitiba nesta quarta-feira (20) e também quinta-feira (21). Eles reclamam que as contas do projeto estão erradas no que diz respeito ao número de famílias afetadas e pedem alterações no total de famílias a serem reassentadas e nos valores a serem repassados como indenização aos afetados. Cerca de 200 pessoas chegaram à capital em cinco ônibus nesta manhã, de acordo com os organizadores do ato.

Os manifestantes começaram o protesto em frente à sede da Companhia Paranaense de Energia (Copel), na manhã desta quarta (20), na Rua Coronel Dulcídio, no bairro Batel, na capital. O local foi escolhido porque a Companhia integra o consórcio que executa a obra. Hélio Mecca, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), diz que a Copel tem 30% de participação, mas que as outras empresas são internacionais e eles não conseguiram diálogo. A tentativa dos manifestantes é fazer a companhia assumir a tarefa de intermediar o debate entre os moradores da região e o consórcio como um todo.

“Na verdade essa obra já foi anunciada a mais de 20 anos e durante esse tempo todos os projetos de engenharia, de construção, isso foi bem discutido. O que não foi discutido foram as questões relacionadas às pessoas que moram lá. Para viabilizar essa obra, colocaram um custo social muito baixo. Queremos que a Copel assuma a responsabilidade de reassentar essa população ou que force os outros integrantes do consórcio a dialogar", afirma o líder do MAB”

Mecca defende que pelo menos mil famílias precisarão deixar suas casas nas cidades de Capanema, Capitão, Planalto, Realeza e Nova Prata. Mas, segundo ele, apenas 350 estão na lista das que têm direito a reassentamento ou recebimento de indenizações. “Não se faz um acordo e o pior é que a obra está sendo tocada de maneira muito rápida. A população local está totalmente insegura. Imagine a água invadindo as terras amanhã sem receber nada”, questiona.

Durante a tarde, os protestantes vão à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) para tentar apoio dos deputados. À noite eles vão ficar hospedados em uma das sedes do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado do Paraná (Sindijus). A programação de quinta-feira (21) ainda será definida, conforme Mecca.

Copel

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Copel e aguarda retorno com posicionamento da empresa sobre o assunto.

Licença da obra está na Justiça

No último dia 12 de setembro, o Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF-4) começou a julgar(processo que ainda não foi concluído) um recurso proposto pelo Ministério Público Federal (MPF) contra a decisão judicial que validou o licenciamento emitido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Para a procuradoria, a competência para a emissão do licenciamento é de órgão ambiental federal. A ação civil pública tenta provar que a construção da usina vai afetar o entorno do Parque Nacional do Iguaçu, considerado patrimônio da humanidade pela Unesco.

No mesmo dia, a construtora Odebrecht retomou o trabalho após três dias de paralisação devido a ocupação do canteiro de obras por agricultores que serão afetados pelo reservatório de água da futura usina. Os camponeses deixaram ao local após um acordo com o Consórcio Geração Céu Azul, liderado pela empresa Neoenergia, responsável pela usina. A empresa retirou um interdito proibitório em seu favor que proibia os agricultores de protestar na área, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.



Ações: Impactos de Megaprojetos

Eixos: Terra, território e justiça espacial