Líderes indígenas protestam contra assassinatos ocorridos em Pernambuco
Terra de Direitos
Após um mês do assassinato do líder do povo indígena Truká, Mozeni de Araújo, cerca de 200 indígenas realizaram nesta quinta-feira (25) uma passeata para protestar contra as constantes violações aos direitos humanos que ocorrem no estado de Pernambuco contra a população indígenas, particularmente contra os Truká, que vivem no sertão do Sâo Francisco em Pernambuco. Apoiados por diversas entidades ligadas aos direitos humanos, os indígenas foram até a sede do governo estadual para exigir maior celeridade e eficiência na investigação do assassinato de Mozeni e de várias outras lideranças mortas desde a década de 90.
De acordo com o cacique do povo Truká - Aurivan dos Santos Barros (Neguinho Truká), a manifestação aconteceu também para relembrar todos os outros assassinatos contra as lideranças indígenas no estado. "Viemos discutir políticas públicas de educação e saúde e, principalmente, a criminalização e os assassinatos de nossas lideranças que vêm sendo cometidos, inclusive, por agentes do Estado que, por sua vez, não toma nenhuma providência".
Os indígenas foram recebidos pelos secretários Rodrigo Pellegrino - Secretário Executivo de Direitos Humanos, e Cláudio Lima - Secretário Executivo de Defesa Social. Entre os encaminhamentos da reunião, destaca-se: a SEJUD irá construir uma agenda mensal chamada de políticas públicas afirmativas com os povos indígenas, além de estabelecer um canal direto com o Judiciário e o Ministério Público para discutir o problema da criminalização das lideranças indígenas.
Por outro lado, a SDS informou que o assassinato contra o Mozeni está sob a responsabilidade de uma delegada especial que é experiente, que a SDS irá responder a esse crime com sua apuração que está bastante avançada.
Para o CIMI -Conselho Indigenista Missionário - que acompanha a comunidade desde a década de 80, durante esse tempo já ocorreram "torturas, seqüestros e assassinatos de indígenas, e em nenhum caso os responsáveis foram julgados e responsabilizados", afirmou o secretário adjunto Saulo Feitosa. Até mesmo o relator da ONU para Execuções Sumárias, Philip Alston, afirmou que em Pernambuco " muitos dos esquadrões da morte eram compostos por policiais" (Jornal Estado de São Paulo, de 28/05/08). Entre as entidades que acompanharam o ato estavam o MNDH, Centro de Cultura Luiz Freire , CENDHEC, Dignitatis, CPT, CIMI , Apoimne, Centro Macambira e Terra de Direitos.
Ações: Conflitos Fundiários
Eixos: Democratização da justica e garantia dos direitos humanos, Política e cultura dos direitos humanos