Nota de Solidariedade da Campanha Despejo Zero às famílias vítimas do despejo do Quilombo Campo Grande (MG)
Com uso da violência, a Polícia Militar despejou nesta sexta-feira (14) as 450 famílias do acampamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio (MG), que resistiam há mais de 60 horas.
Determinado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais com o aval do governador do estado, Romeu Zema (Novo), o despejo foi iniciado nesta quarta-feira (12) em uma ação que envolveu cerca de 150 Policiais Militares. Após a pressão de diferentes organizações e movimentos de defesa dos direitos humanos, o governador chegou a declarar em sua conta no Twitter na quarta-feira à noite que o despejo estaria suspenso, mas os policiais não saíram do local.
Nesta sexta-feira, os acampados foram alvejados por bomba de gás lacrimogêneo e expulsos do lugar. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as casas e plantações foram destruídas.
Há mais de 20 anos no local - que antes abrigava uma antiga usina de açucar que ainda possui direitos trabalhistas não pagos - as famílias produziam 40 hectares de hortas. Anualmente também eram colhidos 510 toneladas de café sem o uso de agrotóxicos, além da produção de oito toneladas de mel. Na área, estava em construção um polo de conhecimento e tecnologia em agroecologia.
O caso chegou a ser informado ao relator especial da ONU em Moradia Adequada, Balakrishnan Rajagopal. O informe foi realizado pela Campanha Despejo Zero, no dia 13 de agosto. Nesta sexta-feira, as organizações que compõem a campanha enviaram novas informações sobre a situações, a pedido da assessoria do relator.
Leia | Despejo de famílias sem-terra em MG é denunciado para relator especial da ONU
A campanha Despejo Zero manifesta sua solidariedade com as famílias.
Leia a nota:
Nota de Solidariedade da Campanha Despejo Zero às 450 famílias vítimas do Despejo do Quilombo Campo Grande do MST/MG
A CAMPANHA DESPEJO ZERO vem por meio desta se solidarizar com as 450 famílias vítimas do Despejo do Quilombo Campo Grande do MST no sul de Minas Gerais, que depois de 50 horas de negociações e resistências foram vítimas de despejo na tarde de 14 agosto de 2020.
É lamentável que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais e o Governador Romeu Zema não tenham se sensibilizado com apelos nacionais e internacionais, nem levado em consideração a situação destas famílias em pleno enfrentamento da pandemia que atravessa o Brasil.
Desta forma seguimos nas lutas e mobilizados contra os despejos, reforçando as denúncias e trabalhando para que outras comunidades não sofram este tipo de violência. #despejozero
Ações: Conflitos Fundiários
Eixos: Terra, território e justiça espacial