Delas, com elas
Terra de Direitos
Intrínseca à causa dos direitos humanos e fundamental para o combate às desigualdades sociais, a luta das mulheres é estrutural e determinante na construção de uma sociedade livre de opressões e verdadeiramente justa para todas e todos.
Inspirada nesta luta e no dia internacional da luta das mulheres, a Terra de Direitos promove, durante todo mês de março, a série Delas, com elas, iniciativa que pretende visibilizar e fortalecer o trabalho e a voz de mulheres que lutam todos os dias do ano e nos fazem acreditar que é possível apostar num mundo melhor.
Neste sentido, abrimos a série temática com a Carta de Princípios Pela Igualdade de Gênero da Terra de Direitos, documento que sistematiza os entendimentos da organização sobre tais questões em todos os âmbitos de sua atuação.
A Carta foi construída coletivamente por mulheres e homens da Terra de Direitos após um processo de intensa discussão sobre este tema em 2016. A partir da necessidade de sedimentar este debate e amplifica-lo nas redes e articulações que compõe, a organização adotou a documento que elenca os princípios com os quais se compromete.
Ao longo do mês, serão publicados artigos e reportagens sobre a luta das mulheres nas mais diversas frentes de resistência. Confira:
8 de março | A luta delas pelo direito à terra
Nesse dia de lutas pela condição de ser mulher, a trajetória de mulheres de diferentes atuações e regiões do Brasil é um registro da possibilidade de resistir e construir alternativas para a defesa de uma sociedade mais justa.
Atualmente, quase metade da área de propriedades rurais no Brasil é ocupada por estabelecimentos que possuem mais de 1 mil hectares. Nos centros urbanos, a lógica da concentração permanece: existem mais de 6 milhões de casas vazias e mais de 30 milhões de pessoas sem acesso à uma moradia adequada.
Porque a luta pelo direito à terra é delas, mas é feita com elas.
>> Conheça um pouco mais a trajetória dessas mulheres
Artigo | Elas e o direito de envelhecer: a aposentadoria das trabalhadoras rurais
“Estamos todas despertas! Contra o Capital e o Agronegócio. Nenhum Direito a Menos!”
As marchas e ocupações em frente às agências do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em centenas de cidades brasileiras, no dia internacional de luta das mulheres, demonstra a unidade na denúncia contra a reforma previdenciária proposta pela Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287/2016. Se a reforma já é prejudicial a todos os trabalhadores e trabalhadoras, são as camponesas as que sofrerão de forma ainda mais brutal com as mudanças.
>> Leia o artigo de Naiara Bittencourt e Alessandra Jacobovski na íntegra
Toda mulher quilombola é sinônimo de resistência
Aqualtune, Dandara dos Palmares, Luiza Mahin, Mariana Crioula e Tereza de Benguela são legítimas representantes da luta das mulheres negras pela liberdade de seu povo. Não somente a liberdade, essas mulheres almejaram uma sociedade livre de opressão e racismo, desafiaram as estruturas machistas vigentes em diferentes períodos históricos e estimularam uma série de levantes populares no Brasil.
A força e a inspiração representada por essas mulheres do passado, símbolos históricos da resistência da mulher negra, encontram-se nas Aqualtunes, Dandaras, Luizas, Marianas e Terezas do presente, que nunca deixaram de lutar para transformar a realidade a qual as mulheres negras são submetidas.
>> Leia o artigo de Dayse Porto na íntegra
Artigo | A violência de gênero nas lutas das mulheres
O mês de março reafirma a luta das mulheres por direitos. Apropriado pelo capitalismo e patriarcado como uma data comemorativa, o que se tenta esconder, na verdade, é que o dia 8 de março teve origem a partir da luta das mulheres em todo o mundo, que desencadearam revoluções e processos históricos de grande ruptura com ordens sociais vigentes. É o caso das operárias russas do setor da tecelagem que organizaram uma greve no dia 8 de março de 1917 e contribuíram para dar início ao processo que resultou na Revolução Russa.
A busca por uma moradia digna e adequada também é uma marca da luta das mulheres. Elas, principalmente as negras e periféricas, se deparam com a realidade de muitas vezes serem as únicas responsáveis pela sobrevivência e cuidado dos filhos.
>> Leia o artigo de Layza Queiroz na íntegra
Direito delas, com elas | Entenda alguns desafios para participação de mulheres no Poder Judiciário
Muitas das dificuldades e desafios enfrentados cotidianamente pelas mulheres no Brasil deságuam no Poder Judiciário. Os dados alarmantes relacionados à violência doméstica, por exemplo, indicam demandas que são – ou deveriam ser – encaminhadas através do Sistema de Justiça.
Advogada e integrante do Coletivo Margarida Alves de Assessoria Jurídica Popular, Mariana Prandini Assis considera que a baixa participação das mulheres no Poder Judiciário – principalmente nos tribunais superiores – está relacionada a fatores que se aplicam ao mercado de trabalho em geral.