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AÇÃO TRUCULENTA DA POLÍCIA LEVA FUMICULTORA AO SUICÍDIO. MPA repudia ação de arresto em propriedades de fumicultores.


A questão emergente que vamos enfrentar em todas as instâncias cabíveis ocorreu no município de Vale do Sol/RS, onde uma fumicultora de 61 anos, que há cerca de 25 anos era integrada a uma mesma indústria, a Alliance One, cometeu suicídio enquanto teve sua propriedade tomada por policiais, oficial de justiça e funcionários da multinacional que lá foram para levar o seu fumo, sob a alegação de "quebra de contrato".Visivelmente abalada e implorando para que parassem com o arresto, inclusive, dizendo que diante do fato iria se matar, ela não foi ouvida pelo oficial de justiça e demais cumpridores do mandado judicial, que nada fizeram para impedi-la. Mesmo depois de constatada sua morte por enforcamento, a operação não parou. Foi solicitado reforço aos trabalhadores da Alliance One, para terminar o mais rápido possível o carregamento, numa prova inequívoca de que as fumageiras não dão valor à vida humana. Para o desespero dos familiares e da comunidade local, os cumpridores da ordem judicial continuaram servindo aos interesses da multinacional, diante da fumicultora dependurada pelo pescoço. O MPA é contrário à prática do arresto em quaisquer circunstâncias. Entendemos que as indústrias fumageiras, com todo o seu poderio econômico, possuem outros meios para receber seus créditos. Recorrer com a força policial é ultrajante e vergonhoso para os agricultores, ainda mais como no caso, em que a fumicultora que cometeu suicídio não tinha dívidas acumuladas com a Alliance One. Documentos em posse do MPA comprovam que ela só tinha dívidas futuras, que ainda não estavam vencidas e demonstram todo um histórico a seu favor, por sempre ter honrado os compromissos assumidos com a multinacional. Além disso, a agricultora não se recusara a entregar o fumo, tanto que em dezembro último havia remetido parte de sua safra para a fumageira e recebeu o valor integral pelo fumo vendido, justamente por não ter débitos pendentes. Trata-se de uma prática arbitrária, que as indústrias costumam solicitar quando se dizem ameaçadas em não receber os débitos do agricultor, usando de mentiras e induzindo o Poder Judiciário ao erro, como no caso de mais essa vítima fatal. A penhora do fumo, como garantia dos financiamentos conferidos pelas fumageiras, está prevista nos contratos, que são ilegais e "leoninos". Feitos por adesão e cheios de má-fé, sem qualquer negociação com os fumicultores, servem mais como um tipo de regimento do "sistema de integração". Os fumicultores assinam esses documentos, de boa-fé e sem conhecimento das cláusulas, inclusive promissórias e procurações em branco, que depois são usadas contra eles. É obedecer ou se ver impedido de seguir na atividade. O objetivo do MPA é aprofundar o debate acerca dos contratos de compra e venda do fumo para fazer uma discussão, mais à fundo, sobre o sistema de integração rural. Uma verdadeira servidão moderna que vem consumindo não só a força de trabalho de famílias inteiras, mas também consumindo a vida dos pequenos agricultores. Santa Cruz do Sul/RS, 07 de fevereiro de 2007. Direção Estadual, Movimento de Pequenos Agricultores MPA Contatos com Wilson Rabuske, coordenador regional do MPA: (51) 9718 1526 ou (51) 3117 4809. A TERRA DE DIREITOS DIVULGA EM SEU SITE O Relatório (versão em português) "FUMO - SERVIDÃO MODERNA E VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS" Acesse aqui: http://www.terradedireitos.org.br/index.php?pg=subtema&tema=4&subtema=3&conteudo_id=514 Autor/Fonte: MPA



Ações: Conflitos Fundiários

Eixos: Democratização da justica e garantia dos direitos humanos