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Basta de crimes ambientais contra a Amazônia e seus povos


Organizações e movimentos sociais cobram investigação rigorosa sobre explosão no depósito de químicos de mineradora em Barcarena (PA)

Fumaça tóxica que cobriu o bairro de Vila do Conde após incêndio / Foto: print de vídeo compartilhado por moradores nas redes sociais

Nessa semana as comunidades de Barcarena, no nordeste do Pará, precisaram lidar com mais um crime ambiental ocasionado pelas atividades de uma empresa multinacional. Na última segunda-feira (6), uma explosão no galpão de armazenamento de produtos químicos da mineradora Imerys Rio Capim resultou em um incêndio que espalhou fumaça tóxica por toda a cidade.

De acordo com investigação do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPCRC), o produto queimado foi o químico hidrossulfito de sódio, que possui odor de dióxido de enxofre. Após o ocorrido ao menos 40 pessoas procuraram o sistema de saúde de Barcarena apresentando desconfortos respiratórios e irritações na pele por conta do forte odor de enxofre oriundo da fumaça tóxica do incêndio. 

Pessoas que residem em Vila do Conde, bairro onde a empresa está localizada, se descolocaram para abrigos para fugir da fumaça e odor que cobriram a região. Além disso, informações registradas por moradores nas redes sociais denunciam que a contaminação já chega aos rios e córregos da cidade. 
Esse é mais um caso de contaminação e dano ambiental registrado em Barcarena. Em 2018, a empresa Hydro Alunorte despejou rejeitos tóxicos no Rio Pará contaminando rios e expondo as comunidades a metais pesados como chumbo, que podem causa câncer entre outras doenças. 

Diante disso, movimentos sociais e organizações da sociedade civil manifestaram-se por meio de carta denunciando a atuação das empresas multinacionais na região. “Essa empresa, uma multinacional francesa, é mais uma entre várias empresas europeias que exploram a Amazônia, cometem crimes ambientais contra suas populações e raramente são punidas, pois muitas vezes contam com a omissão de órgãos de fiscalização ambientais”, destaca o documento.

A carta pontua também o encontro realizado no dia 29 de novembro em Belém com representantes do Comitê Especial da União Europeia para Direitos Humanos, em que as entidades relataram os diversas casos de violações de direitos e danos ambientais vivenciados pelas comunidades por conta da atuação das empresas europeias em Barcarena. 

A principal reivindicação das entidades que assinam a carta é pela investigação rigorosa do crime ambiental e condenação da Imerys na justiça nacional e, também, na corte europeia de direitos humanos.

 

Confira abaixo a carta na íntegra (pdf

 

BASTA DE CRIMES AMBIENTAIS CONTRA A AMAZÔNIA E SEUS POVOS

As organizações amazônicas abaixo assinadas vêm publicamente manifestar-se sobre mais um crime da empresa multinacional Imerys contra os povos de Barcarena. No dia 06 de dezembro de 2021 à noite aconteceu a explosão e incêndio na planta industrial da empresa Imerys Rio Capim, em Vila do Conde, Barcarena, a 50 km de Belém, despejando fumaça tóxica que envolveu todo a cidade e região. Existe a denúncia de dezenas de pessoas atendidas nos postos de saúde com problemas respiratórios devido a fumaça branca que tomou conta da cidade.

Essa empresa, uma multinacional francesa, é mais uma entre várias empresas europeias que exploram a Amazônia, cometem crimes ambientais contra suas populações e raramente são punidas, pois muitas vezes contam com a omissão de órgãos de fiscalização ambientais.

Semana passada, uma comissão da União Europeia de Direitos Humanos veio a Belém para, entre outras coisas, se reunir com as organizações da sociedade civil, entre as quais comunidades que são atingidas pela atuação de empresas multinacionais. Denúncias contra tais empresas sejam canadenses, americanas, asiáticas ou europeias no processo de exploração desenfreada da região, devem ser investigadas.

Nós, que assinamos essas Carta Aberta, exigimos uma investigação rigorosa de mais este crime, com a punição dos responsáveis não só no Brasil, mas também nas cortes europeias de direitos humanos, de forma a demonstrar que o discurso de preocupação com o meio ambiente feito pelos países, como os feitos na COP 26, não passem de discursos vazios.

Estado do Pará – Amazônia - Brasil

 

Assinam esta carta

Fórum Da Amazônia Oriental - FAOR

Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SDDH.

Terra de Direitos

Movimento Tapajós Vivo

Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB

Juventude Manifesta

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST

Fórum Paraense  Economia Popular Solidária

Movimento de Mulheres do Tapanã - MMT

Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia - MAMA

Movimento pela Soberania popular na Mineração - MAM.

Centro Alternativo de Cultura - CAC

Movimento Popular Curso Popular TF LIVRE .

Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense - FMAP .

Articulação de Mulheres do Amapá.

Articulação de Mulheres Brasileiras

Associação dos Povos Indígenas Estudantes na UFPA -  APYEUFPA

Articulação Parintins Cidadã

Teia De Educação Ambiental e Interação em Agrofloresta

Portal Floriano Lins



Ações: Empresas e Violações dos Direitos Humanos

Eixos: Terra, território e justiça espacial