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Luta mundial em defesa da AGRICULTURA camponesa foi tema de debate


Sementes, patrimônio da humanidade - uma luta de todos os povosEm 1998, "o governo da Índia, que ainda não havia estabelecido regras claras sobre a introdução ou não de transgênicos no país, não percebeu a infiltração perversa da MONSANTO, através da implementação de testes em campo para produzir o algodão transgênico BT," informou Chukky, militante da via campesina indiana. Como forma de resistência, os agricultores iniciaram um movimento de queima do algodão, chamado "cremação da Monsanto". Foi o início do fortalecimento da luta contra a privatização dos recursos genéticos e em defesa das sementes, além de denunciar à sociedade que as colheitas nas lavouras agrícolas começavam a fracassar devido à introdução do algodão BT. Para combater o impacto negativo na vida dos agricultores indianos, iniciou-se a partir do final da década de 90, a construção de uma nova realidade. Conservar as sementes, propagá-las, organizar as comunidades foram as estratégias utilizadas. "Foi a luta da satyagraha, termo usado por Gandhi, que significa o caminho da verdade, a verdade como princípio da vida. As sementes representam a cordialidade, a harmonia, a natureza, então a verdade do homem e da natureza", concluiu Chukki. Guardar sementes para resistir Darci Frigo, da Terra de Direitos, relatou que a "estratégia de resistência dos camponeses em defesa das sementes, é o movimento de guardá-las através dos bancos de sementes. Atualmente, 87% do feijão já consegue ser conservado, além de 60% do arroz e 43% da soja. O milho, atinge o menor índice - de 32%, por ter sido submetido ao processo de hibridização, antes do processo de resistência. A cultura de guardar sementes garante a continuidade da agricultura livre da transgenia. "Estes agricultores, conscientes da sua função, são os verdadeiros guardiões da biodiversidade, guardando nossas sementes agro ecológicas, patrimônio da humanidade," diz Frigo. Os grandes produtores, tentam fazer um contra movimento para impedir a conservação das sementes, a fim de inibir a independência gradativa dos agricultores do processo de multinacionalização na produção agrícola. Leis de propriedade intelectual abrem as portas para multinacionais Silvia Ribeiro, da ECT do México trouxe à tona as discussões relativas sobre a história da produção camponesa. "O conhecimento dos camponeses é um dos mais sofisticados, no entanto, sempre foi coletivizado e descentralizado, o que resulta em falta de controle para garantir sua propriedade," explicou Silvia Ribeiro. Desde a Revolução Industrial explicou Silvia, "existe uma guerra para apropriação destes conhecimentos tradicionais e por consequência a criação de estratégias para inibir a autonomia dos agricultores em continuar cultivando suas sementes." Atualmente somente 10 empresas multinacionais possuem a metade do mercado das sementes submetidas ao processo de hibridização que são compradas em grande quantidade dos agricultores, submetendo-os ao processo de dependência. A partir da década de 90, foi criado todo um aparato intelectual e legislativo ligado às regras da propriedade intelectual, isto é, a propriedade dos conhecimentos. Para Darci Frigo, "a legislação existente abriu todas as portas para o livre trânsito dos transgênicos e o gradativo processo de extermínio da cultura agrícola camponesa." Leis que em sua grande maioria são impostas pelos organismos internacionais, que obrigam os países as incorporarem. Permitem, por exemplo, que a MONSANTO, consiga ter milhares de agricultores em sua mão. Através do cooptação de sindicatos patronais e cooperativas, muitos agricultores hoje são submetidos ao pagamento de taxas para continuar produzindo suas sementes. Paraná na luta contra os transgênicos. Para Raska Rodrigues, diretor do IAP(Instituto Ambiental do Paraná) "hoje existe uma guerra oficial entre os poderosos ligados ao agro negócio e as multinacionais versus pequenos agricultores." Informações para legitimar os pontos positivos da produção e comercialização de transgênicos emitidas por cientistas na mídia é uma das estratégias recorrentes. O objetivo é conseguir a adesão da sociedade para o lado perverso dessa história. O Governo do Paraná, trava a luta contra esta postura, através da qualificação de técnicos aptos para fiscalização de todas as propriedades e também para o processo de rotulagem dos produtos. Também o governo aposta na política de formação dos pequenos agricultores, para promover uma "verdadeira barricada contra a entrada dos transgênicos no país", afirmou Raska. Terra de Direitos - assessoria de imprensa - 41 92259055 Autor/Fonte: Terra de Direitos




Eixos: Terra, território e justiça espacial