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Mulheres da Via Campesina denunciam crimes da Syngenta


Cerca de 300 camponesas protestam durante todo o dia em frente ao escritório regional da Syngenta, no centro de Londrina, na avenida Tiradentes, esquina com avenida Maringá. Á tarde seguem em marcha até o calçadão da cidade onde farão um ato público, denunciando os crimes da Syngenta e das transnacionais no país.

Em Campo Mourão, 300 camponesas também realizam protestos e ato público em frente ao escritório da empresa, na rua Harrison José Borges, 1201, próximo ao centro.  

Na região Oeste, 600 mulheres realizam uma caminhada entre o trevo de Santa Tereza do Oeste e o campo de experimentos da Syngenta, local do ataque contra os trabalhadores da Via Campesina, que permanecem acampados na área. Durante todo o dia estão previstos depoimentos de viúvas que perderam seus maridos, vítimas da violência do latifúndio no Estado.  

Em Ponta Grossa, 200 camponesas protestam em frente ao escritório regional da Syngenta, na Praça Marechal Floriano Peixoto. As trabalhadoras estão distribuindo muilho verde crioulo á população, em protesto a liberação de duas variedades de milho transgênicos pelo Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS).

No almoço haverá uma partilha de alimentos produzidos de forma agroecológica nos assentamentos de reforma agrária.   Na região Centro-Sul, em União da Vitória, a partir das 14h, 250 camponesas realizam a /Marcha das Mulheres em Defesa da Biodiversidade e contra o Deserto Verde, /de 7km até a madeireira Miforte, que produz pasta de celulose para exportação. A mobilização denuncia a destruição da mata nativa, que vem sendo práticada há 90 anos pela madeireira, principal responsável pela destruição da Araucária (árvores símbolo do Estado) e Imbuía na região.

Também será entregue carta ao Núcleo Regional de Educação, reivindicando educação do campo nos assentamentos, manifesto ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) cobrando medidas para inibir a destruição do meio ambiente, e documento no Fórum da cidade, exigindo justiça pelo assassinato do trabalhador da Via Campesina na região Oeste e do faxinalense Antonio, assassinado por grileiros e fazendeiros de São Mateus do Sul, há cinco meses.  

A atividade faz parte da Jornada de lutas pela soberania alimentar, contra o agronegócio e as monoculturas do eucalipto, soja e cana-de-açúçar, que acontece na semana do Dia Internacional da Mulher. As manifestações também ocorrem em apoio as mulheres da Via Campesina do Rio Grande do Sul e repudio a truculência da Brigada Militar do governo gaúcho, que durante o despejo da Fazenda Tarumã, em Rosário do Sul, área ilegal da empresa Stora Enso, deixou cerca de 50 camponesas feridas, por balas de borrachas e estilhaços de bombas, além de sofrerem agressões físicas.  

As camponesas lutam contra todas as formas de violência, pela reforma agrária e construção de um projeto soberano de agricultura, baseado na agroecologia, com a produção de alimentos saudáveis e a preservação da biodiversidade.   As mulheres da Via Campesina exigem que os responsáveis e mandantes pelo ataque aos trabalhadores na área da Syngenta sejam punidos, que a empresa pague a divida de R$ 1 milhão aos cofres públicos, por danos ambientais e vá embora do Brasil. Cerca de 70 família da Via Campesina seguem acampados na área. Os camponeses querem o local seja transformada em um Centro de Agroecologia.    

*Transnacional responsável por assassinato e crimes ambientais*  

Em 21 de outubro de 2007, o trabalhador rural Valmir Mota, (conhecido como Keno), foi assassinado à queima roupa por seguranças de uma empresa privada contratada pela Syngenta, a NF Seguranças. Por volta da 13h30, um grupo de seguranças fortemente armados atacou a ocupação da Via Campesina no campo experimental da empresa, em Santa Tereza do Oeste, no Oeste do Paraná.  

No ataque, executaram Valmir Mota, balearam Isabel do Nascimento de Souza no rosto e a espancaram, além de ferir outros três agricultores. Um segurança também morreu. Keno deixou 3 filhos e a esposa. Isabel do Nascimento perdeu um olho e os movimentos de um braço.   A Syngenta nega, publicamente, qualquer responsabilidade pelos fatos, afirmando que o contrato com a empresa de segurança proíbia a utilização de armas.

No entanto, de acordo com o Ministério Público, parte dos "seguranças" envolvidos no ataque à ocupação fugiu em uma Van de propriedade da empresa. Apesar de toda a violência, a Syngenta ainda não rompeu o contrato com a empresa de Segurança, conforme depoimento do dono desta empresa à justiça.  

Até o momento o envolvimento da transnacional com a violência não fosse investigado. Em contrapartida, oito militantes da Via Campesina estão sendo injustamente processados, pela violência que os mesmos sofreram. Também são acusados dos crimes sete seguranças da empresa NF, seu proprietário e um fazendeiro da região de Cascavel.  

Crimes Ambientais  

Em março de 2006, a Syngenta foi multada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em R$ 1 milhão, pelo cultivo ilegal de transgênicos, no entorno do Parque Iguaçu, o que é proibido pela legislação.   A empresa questionou a multa, mas em 30 de novembro de 2007, a Justiça Federal do Paraná reafirmou a ilegalidade da empresa, confirmando a multa e proibindo a Syngenta de seguir desenvolvendo experimentos na área em Santa Tereza do Oeste. Mesmo após a decisão judicial, a transnacional continua negando-se a pagar a multa.  

*Contaminação Genética*  

A Syngenta Seeds também é responsável pelo maior caso de contaminação genética comprovado no mundo. Durante quatro anos, a multinacional comercializou de forma criminosa o milho Bt10, vendido como Bt11, sem autorização, nos Estados Unidos.   O milho transgênico da empresa não foi avaliado pelos órgãos reguladores e nem seus efeitos sobre a saúde humana e o meio ambiente. As sementes comercializadas contaminaram o milho exportado para vários países. Em dezembro de 2006 a Syngenta foi condenada a pagar multa de 1,5 milhão de dólares por ter vendido ilegalmente a variedade deste milho no mercado americano.    

Informações à imprensa Solange (41) 3324 7000/99004971 Jakeline (41) 96765239



Ações: Empresas e Violações dos Direitos Humanos, Biodiversidade e Soberania Alimentar
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Eixos: Biodiversidade e soberania alimentar