Unioeste vai traçar diagnóstico da produção de sementes crioulas
Terra de Direitos
A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) está desenvolvendo um projeto de extensão que vai traçar o diagnóstico da produção de sementes crioulas de milho e do estágio dos processos de transição agroecológica na região. Realizado por professores e bolsistas de diversas áreas, o “Rede Oeste de Sementes Crioulas e Agroecologia” faz parte do programa Universidade Sem Fronteiras, desenvolvido pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
O projeto será realizado até 2010 e tem como sedes os câmpus de Cascavel e Marechal Cândido Rondon. “Nosso objetivo é georreferenciar as propriedades onde ainda existam sementes crioulas de milho”, explicou o coordenador-geral do projeto, professor Wilson Zonin, que é pró-reitor de Extensão da Unioeste e doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural. De acordo com Wilson, a importância do projeto consiste no seu perfil extensionista. “Os bolsistas, estudantes e profissionais recém-formados atuarão no sentido de que o conhecimento repassado continue a ser aplicado após o término do projeto”, salientou.
A iniciativa deve envolver mil agricultores e prevê que as visitas de campo sejam feitas em vários assentamentos, em diversos municípios da região Oeste. Segundo um dos orientadores, o professor Cláudio Tsutsumi, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, estes agricultores são os que mais precisam reaprender a produzir e selecionar as sementes. “Há sempre uma relação entre as plantas, o lugar e as pessoas que vivem nele. A perda das variedades etnobotânicas já é realidade em muitas regiões. Nas comunidades indígenas isto é muito comum”, disse Cláudio. Após a identificação dos produtores, será criado um banco de sementes visando à certificação técnica da produção, item fundamental para a aquisição de crédito oficial. Ao incluir na metodologia de aplicação a realização de um diagnóstico amplo, identificando os atores sociais envolvidos com a agroecologia e em que estágio do processo de transição se encontram, além de determinar onde estão e quais são as variedades de sementes crioulas de milho que resistiram, o projeto pretende mostrar ao agricultor que é possível ser menos dependente. “Queremos estimular o agricultor a repensar o modelo de gestão rural, a buscar independência através da aquisição do conhecimento para produzir e selecionar suas próprias sementes, pensando sempre na sustentabilidade da sua propriedade e no futuro de sua família, e não nas metas internacionais do agronegócio”, argumenta Wilson Zonin. O projeto conta com mais de 20 parceiros, entre instituições públicas de nível federal, estadual e municipal, órgãos governamentais e entidades ligadas a agroecologia, como Itaipu Binacional, Embrapa e Emater do Paraná.
(Fonte: Agência Estadual de Notícias - Governo do Paraná)
Ações: Biodiversidade e Soberania Alimentar
Eixos: Biodiversidade e soberania alimentar, Terra, território e justiça espacial