Notícias da Covid-19

Com mortes pela covid e desassistência do Estado, comunidades quilombolas vivem risco de tragédia iminente


Em boletim, organizações destacam a rápida disseminação do vírus e a desestrutura do sistema de saúde no atendimento aos territórios

Em boletim coletivo de organizações avanço da pandemia em comunidades quilombolas.Foto: Carol Fernandes

Um conjunto de organizações sociais e redes de defesa dos direitos de comunidades quilombolas denunciou, nesta quarta-feira (22), o risco iminente de uma tragédia entre os povos tradicionais em razão da pandemia.

No documento assinado pelas organizações e movimentos populares, entre elas a Terra de Direitos, o coletivo denuncia que a “invisibilidade do alastramento da doença em territórios quilombolas revela uma situação potencialmente drástica, que não tem recebido a atenção devida das autoridades públicas e dos meios de comunicação dominantes”, aponta um trecho.

Por meio de um monitoramento independente realizado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) a articulação identifica um rápido alastramento da doença pelos territórios, com manifestação grave da enfermidade. O levantamento apontou que dos dias 16 e 17 de abril para o dia da publicação do boletim o número de óbitos saltou de 2 para 6 registros. Há ainda uma forte subnotificação, apontam as organizações. “Os dados revelam uma alta taxa de letalidade da COVID-19 entre os povos quilombolas e uma grande sub-notificação de casos. Situações de dificuldades no acesso a exames e denegação de exames a pessoas com sintomas têm sido relatadas pelas pessoas das comunidades”, destaca outro trecho.

A não efetivação de direitos das mais de 16 milhões de quilombolas, distribuídos em cerca de 6330 comunidades pelo Brasil, de acordo com a Conaq, configura a estes sujeitos uma vulnerabilidade ainda mais intensa frente à pandemia. “Devido à falência estrutural de sucessivos governos e dinâmicas de racismo institucional, as comunidades não contam com um sistema de saúde estruturado, ao contrário, os relatos da maior parte das comunidades é de frágil assistência e da necessidade de peregrinação até centros de saúde melhor estruturados. As condições de acesso à água em muitos territórios é motivo de preocupação, pois também dificulta as condições de higiene necessárias para evitar a propagação do vírus. Essa situação tende a ser agravar exponencialmente com as consequências sociais e econômicas da crise da Covid-19 na vida das famílias quilombolas”, destaca o documento.  O grupo ainda destaca a dificuldade de acesso à renda básica emergencial e a inoperância das diferentes esferas de governo no atendimento às comunidades.

“É perceptível a paralisia dos governantes que assistem ao caos nos quilombos e acabam por reforçar discursos vazios do governo federal que até o momento não fez chegar amparos emergenciais e medidas de proteção mais efetivas aos quilombos em todo Brasil”, sublinha outro trecho.

:: Acesse aqui o documento.



Ações: Quilombolas

Eixos: Terra, território e justiça espacial

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