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8 de março | A luta delas pelo direito à terra


O que a história de cinco mulheres de diferentes regiões do país tem em comum?

 

Nesse dia de lutas pela condição de ser mulher, a trajetória de mulheres de diferentes atuações e regiões do Brasil é um registro da possibilidade de resistir e construir alternativas para a defesa de uma sociedade mais justa.

A Fabiana, a Ana Cleide, a Sônia e as duas Marias são lutadoras incansáveis pelo reconhecimento do direito à terra. No campo ou na cidade, defendem que homens e mulheres possam ter um terreno para plantar, uma casa para morar e até mesmo uma área onde possam desenvolver suas culturas tradicionais.

A luta delas – e de outras tantas mulheres Brasil afora – é tentar tornar mais justa a distribuição do que hoje é um privilégio no Brasil: a terra.

Atualmente, quase metade da área de propriedades rurais no Brasil é ocupada por estabelecimentos que possuem mais de 1 mil hectares. Nos centros urbanos, a lógica da concentração permanece: existem mais de 6 milhões de casas vazias e mais de 30 milhões de pessoas sem acesso à uma moradia adequada.

Porque a luta pelo direito à terra é delas, mas é feita com elas.

Conheça um pouco mais a trajetória dessas mulheres:

 

Maria Lucia Santos Pereira

Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR)

Maria Lucia Santos Pereira sabe bem a dificuldade de acessar políticas públicas quando não se tem um local para morar. Viveu ao menos 16 anos nas ruas de Salvador, na Bahia. Desde que saiu dessa situação, tem lutado para garantir a efetivação de direitos para seus companheiros e companheiras. Atualmente, é uma das coordenadoras do Movimento Nacional da População em Situação de Rua.
E avalia: “A questão da habitação é central por que dela depende várias outras. Não se tem acesso a saúde ou trabalho sem que se tenha pra onde retornar no fim do dia”.

Assista | ​‘Filha da Rua’

Maria das Graças de Souza

União Nacional por Moradia Popular (UNMP)

Coordenadora da União Nacional por Moradia Popular (UNMP), Maria das Graças de Souza fez – e continua fazendo – história na luta pelo acesso à terra urbana, no Paraná. Natural da Bahia e morando em Curitiba desde 1989, passou a dedicar a vida para buscar moradia para todos e todas quando também virou uma sem-teto, depois que chegou na capital paranaense. Desde então, não parou mais. Conquistou uma casa e agora corre atrás de casa para outras pessoas também. E reivindica uma melhor distribuição de moradias adequadas em todo o país. “Tem que tirar esse conceito de que pobre não pode morar em apartamento ou no Centro”, afirma.

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Fabiana Braga

Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST)

Uma das dirigentes do Acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu-PR, Fabiana Braga é também coordenadora do coletivo de mulheres dentro do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. A jovem de 22 anos se preocupou desde cedo com a importância da participação das mulheres na luta pela reforma agrária e em defesa da agroecologia. Por sua atuação, é alvo de perseguição política e desde novembro de 2016, está presa por considerarem que sua ação dentro do movimento social – a de lutar pela igualdade de gênero e pela justa distribuição de terras – faz parte de uma organização criminosa.

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Sônia Guajajara

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB)

Desde jovem a indígena Sônia Guajajara já participava dos debates que aconteciam na aldeia localizada na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão. Atualmente coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, é formada em Letras e Enfermagem e especialista em educação. Ela sabe que para garantir diversos direitos aos indígenas no país, é preciso garantir o acesso à terra e os elementos que permitam o desenvolvimento da cultura das diferentes etnias. “Quando lutamos por terra, estamos cuidando de todo mundo”, destaca.

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Cleide Vasconcelos

Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS)

Ana Cleide da Cruz Vasconcelos, quilombola da comunidade remanescente Quilombo de Arapemã, é vice-presidente da Federação das Organizações Quilombolas de Santarém e presidente da Associação de seu quilombo. Atuando na pauta quilombola há duas décadas por influência de familiares, Cleide acredita que o estigma sobre a mulher negra ainda é muito forte e prejudicial para as mulheres quilombolas. Além da violência doméstica, face mais escancarada no machismo, muitas delas são impedidas pelos maridos de participar das atividades do movimento. “Tem muitas que aos poucos estão se soltando, mais ainda falta muito e a trava para isso são os maridos”, avalia.

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Ações: Defensores e Defensoras de Direitos Humanos, Conflitos Fundiários

Eixos: Política e cultura dos direitos humanos