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Parlamentares alemães pedem que Senado não aprove “PL do Pacote do Veneno” de “modo precipitado”


Em documento enviado ao Senado brasileiro, parlamentares alemães destacam preocupação com impactos do PL para as relações comerciais com Brasil e meio ambiente.

Os parlamentares alemãos pedem que Senado não aprove a medida de modo apressado, no encerramento da atividade legislativa e véspera de novo governo. Foto: Marcos Oliveira/ Agência Senado

Parlamentares alemães manifestaram preocupação com riscos de aprovação do Projeto de Lei 1459/2022, conhecido como “Pacote do Veneno”. Assinada por 21 parlamentares alemães, a carta foi endereçada, nesta quarta-feira (07), para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) e para o presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), senador Acir Gurgacz (PDT). O documento também foi direcionado para a senadora Eliziane Gama (Cidadania) e Paulo Rocha (PT), também integrantes da Comissão.

No documento, os parlamentares alemães destacam que observam o avanço do medida legislativa no Congresso Nacional – já aprovada pela Câmara e em discussão no Senado – com “grande preocupação”, visto que “a Alemanha é um importante parceiro comercial do Brasil, tanto em termos de produtos agrícolas quanto de insumos agrícolas”, afirmam.

“Acreditamos que um elevado nível de proteção global para os seres humanos e o meio ambiente contra produtos químicos potencialmente nocivos configura um direito de todo ser humano, um pré-requisito para a preservação de nossa subsistência comum no planeta Terra e um elemento das relações comerciais justas”, apontam em outro trecho do documento.

“Portanto, pedimos a vocês como colegas que não aprovem o projeto de lei precipitadamente nos últimos dias deste mandato, na véspera da posse de um novo presidente e em meio a debates sobre a retomada das negociações do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul”, finalizam.

A pressão do Parlamento Alemão ao Congresso Nacional resulta dos diálogos realizados pela organização Terra de Direitos na última semana, em Berlim. No momento a organização destacou como a medida, caso aprovada, trará danos à saúde humana e biodiversidade brasileira, com impactos para o restante do mundo.

“O Projeto de Lei é tão perigoso e alterará pontos cruciais do atual marco regulatório, que chama atenção de outros países, por meio de seus representantes. A Alemanha tem fortes relações comerciais com o Brasil, a preocupação dos deputados alemães é absolutamente legítima, afinal produtos com agrotóxicos liberados sob uma nova lei poderão ser comprados pela Alemanha”, destaca a coordenadora do Programa Iguaçu, Naiara Bittencourt, que esteve em diálogo com os parlamentares alemães.

O documento é enviado em mesmo momento que as organizações buscam denunciar as tentativas de aprovação do Projeto de Lei no encerramento das atividades legislativas. O “Pacote do Veneno” é também denúncia presente nas organizações e comunidades tradicionais brasileiras participantes da 15ª Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica (COP 15) da Organização das Nações Unidas. A agenda internacional inicia nesta quarta-feira, no Canadá.

No Senado
Neste momento o PL 1459/2022 encontra-se pronto para votação pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado. Presidente da CRA, o senador Acir Gurgacz também é relator do PL na Comissão e apresentou relatório favorável à aprovação da proposta legislativa. Organizações, principalmente aglutinadas em torno da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, apontam o risco da medida ser posta em votação a qualquer momento



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