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PR: Agricultores familiares e estados vizinhos reafirmam a agroecologia como condição para segurança alimentar


Em nota, participantes da Feira Regional de Sementes Crioulas também denunciam a violência do Estado contra modelo agroecológico.

Diversidade de alimentos e sementes é uma característica das feiras de biodiversidade. Foto: Coletivo Triunfo

As práticas de guardar, trocar, comercializar e disseminar livremente sementes crioulas, bem como a de valorização dos saberes de várias gerações no uso das sementes e preservação de espécies foram alguns dos eixos centrais da 17ª Feira Regional de Sementes Crioulas e da Agrobiodiversidade e 3ª Festa dos Guardiões e Guardiãs de Sementes Crioulas, realizada em Rebouças (PR) nos dias 16 e 17 de agosto.

A agenda que teve suas primeiras edições ainda na década de 90 é um importante momento para a troca de experiências entre agricultores familiares e demais atores sociais e aprofundamento do debate sobre avanços e dificuldades no fortalecimento de práticas agroecológicas no Centro-sul do Paraná e no país.  Organizada pelo Coletivo Triunfo e pela AS-PTA, as atividades contaram com o apoio de várias organizações parceiras, governamentais e não-governamentais, como a Terra de Direitos.

De grandes dimensões, as atividades reuniram um público diverso, de cerca de 4.000 pessoas entre agricultores familiares, indígenas, quilombolas, faxinalenses, benzedeiras, assentados da reforma agrária, estudantes, professores, gestores públicos, pesquisadores e moradores de cidades da região. O público é procedente de 60 municípios do Paraná e 15 de Santa Catarina, além de visitantes do Rio Grande do Sul, da Paraíba, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.

Avaliações
Ainda que a política pública para fortalecimento da agroecologia tenha vivido momentos recentes de avanço – expressos, por exemplo, no desenvolvimento da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) –  o sequente desmonte promovido no último período pela governo federal, somado ao avanço da incidência de corporações transnacionais na apropriação e controle da agricultura, tem acentuado a vulnerabilidade social e econômica de agricultores familiares que atuam com base nos princípios da agroecologia.

Em nota elaborada como resultado das agendas os agricultores destacaram o conjunto de vulnerabilidades que se encontram. “A agricultura está muito mais dependente de consumo de agrotóxicos, os custos de produção se elevaram e parte importante dos cultivares adaptados desenvolvidos com investimento público, como variedades crioulas, foram irremediavelmente perdidos. Esses fatores levarem ao endividamento das famílias, a dependência da agricultura familiar aos pacotes tecnológicos, ao agravamento de problemas de saúde associados a má alimentação e a perda da soberania popular”, aponta um trecho da nota.

Sementes crioulas
A conservação das variedades crioulas de sementes, de mudas e de animais, principalmente pelas mulheres, tem garantido às famílias do campo fontes de renda mais autônomas em relação às empresas vinculadas às grandes corporações do ramo da agricultura.  “O ato de produzir e disseminar livremente as sementes expressa a luta cotidiana das famílias e das comunidades da agricultura familiar pela sua autonomia e sustentabilidade. Representa também uma condição básica para a que o povo assegure a sua soberania e segurança alimentar e nutricional”, aponta outro trecho da nota.

A troca das sementes e a partilha de saberes é central, desta forma, para resgate de espécies, manutenção de práticas tradicionais de cultivo e transferência de conhecimento entre as e os agricultores.

 



Ações: Biodiversidade e Soberania Alimentar

Eixos: Biodiversidade e soberania alimentar