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Entidades que financiam ataques a democracia apoiam a tese do marco temporal


(foto: Jaelson Lucas/AEN)

Uma das entidades que participa como amicus curiae – ou amigos da corte – no julgamento do marco temporal, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) é suspeita de ter ligação direta com os atos antidemocráticos que aconteceram neste dia 7 de setembro.

No dia 4 de setembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou busca e apreensão na sede da entidade, além do bloqueio de contas da Aprosoja Brasil até o dia 8 deste mês, por suspeitas de que a entidade ruralista possa ser uma das financiadoras das manifestações em defesa do presidente Jair Bolsonaro. No dia 7, ao menos 17 capitais brasileiras registraram esse tipo de ato, configurado como antidemocrático por ter entre as principais reivindicações o impeachment dos ministros do STF e o pedido de intervenção militar.

Segundo a decisão de Moraes, no dia 20 de agosto a Aprosoja sediou um encontro com Sérgio Reis, onde o cantor ameaçou os ministros do STF. Além disso, em agosto, o presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan esteve reunido com representantes do governo para tratar, segundo Galvan, do Movimento Brasil Verde e Amarelo, formado por sindicatos e associações rurais em apoio ao governo Bolsonaro. No dia 15 de maio, o movimento articulou um ato a favor do presidente e divulgou um documento sinalizando apoio a um possível golpe. "Eu autorizo presidente - faça o que for preciso, para restabelecer a ordem entre os três poderes, pedimos e almejamos um Supremo Tribunal Federal decente e um Senado da república altivo”, indicava o documento.

Financiamento do marco temporal

Com 16 entidades estaduais, a Aprosoja Brasil também tem participação direta no lobby da liberação de agrotóxicos e do marco temporal para demarcação de terras indígenas. Em 2019, uma reportagem do portal De Olho nos Ruralistas revelou que a Aprosoja era uma das associações ruralistas que financiava a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e que comandava a campanha pela aprovação do projeto de lei 6.299/02, conhecido como PL do Veneno. Além disso, a Aprosoja também foi apontada como uma das entidades responsáveis pelo portal Agrosaber, que se apresenta como uma plataforma criada para “desmistificar fake news ligadas à produção e consumo de alimentos”.

No fim de agosto, uma reportagem do The Intercept Brasil revelou que grupo ligado ao lobby dos venenos também está relacionado ao lobby para aprovação do marco temporal.

Através da Agrosaber, o grupo composto pela Aprosoja adquiriu duas páginas de anúncio dentro do jornal Estadão para circular uma matéria própria em tom alarmista que alega que milhões de hectares de terra estariam em risco caso a tese do marco temporal não fosse aprovada.

A estimativa do The Intercept é que o valor pago para a circulação desse conteúdo ultrapasse R$ 1 milhão.

Soja irregular

Presidente da Aprosoja Brasil desde março deste ano e antes presidente da Aprosoja-MT, Antônio Galvan responde a uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público do Mato Grosso por realizar um plantio experimental de soja fora do período permitido. A Aprosoja-MT também foi alvo de outras 14 ações pela mesma irregularidade.

Segundo o Ministério Público, a prática do plantio experimental fora do período permitido contraria medidas fitossanitárias de controle e prevenção do fungo da ferrugem asiática, causador da pior doença para a soja no país.

O processo ainda está sendo analisado pelo Tribunal de Justiça do Mato Grosso.



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