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Com um ano da condenação do país pela Corte Interamericana, organizações alertam para cumprimento da sentença


Em nota peticionários da ação na Corte Interamericana destacam a necessidade de reverter a cultura de impunidade da violência policial no país.

Ato em frente ao monumento projetado por Oscar Niemeyer, na BR-277. Foto: Lizely Borges

Organizações manifestam preocupação com cumprimento parcial pelo Estado brasileiro da sentença de condenação pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso Antonio Tavares. Com um ano da condenação – mesmo prazo estabelecido para cumprimentos de medidas determinadas na sentença, as organizações manifestam preocupação com ações pendentes em nota divulgada nesta sexta-feira (14).

Acesse aqui a nota

Em 14 de março no ano passado a Corte, órgão vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA),  reconheceu a intensa violência e a omissão pela justiça brasileira ao assassinato do trabalhador rural Antonio Tavares e às lesões sofridas por mais de 197 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por parte de agentes da Polícia Militar do Paraná, durante a repressão, na Rodovia BR-227, em Campo Largo (PR), a uma marcha pela reforma agrária que ocorreria em 2 de maio de 2000 em Curitiba. Na repressão mulheres, crianças e pessoas idosas também foram feridas.

 “Reconhecemos a importante atuação do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania do Brasil para garantir a indenização das vítimas do caso, o que vem ocorrendo com rapidez. A reparação, entendida de maneira integral, não se resume à indenização financeira, mas deve envolver um compromisso mais amplo do Estado brasileiro com a garantia de que episódios semelhantes não se repitam”, enfatizam em nota o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Terra de Direitos e Justiça Global. As organizações são as peticionárias no caso da Corte.

O documento aponta que ainda não foi realizado o ato público de reconhecimento de responsabilidade pelas violações de direitos do caso, medida determinada em sentença. Também segue pendente o avanço nas medidas de proteção ao monumento erguido às margens da BR 277, nas proximidades do local onde ocorreu o massacre. A obra é projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e foi declarada como patrimônio imaterial em 2023. A decisão obriga a adoção de todas as medidas adequadas para a preservação no local, acesso público e garantia de manutenção. “Esta medida tem um simbolismo importante: será o reconhecimento do erro na atuação estatal e o comprometimento com uma atuação diferente, que reconheça que o direito à manifestação - especialmente de grupos vulnerabilizados”, destacam na nota.

Outras medidas também não tiveram avanço no último ano. A Corte determinou que Brasil adequasse, no prazo de um ano, as suas normativas para que a justiça militar deixe de ter a competência para julgar e investigar militares que cometam crimes contra civis. A medida visa enfrentar o atual quadro de impunidade. A inclusão de conteúdo específico no currículo para permanente formação de agentes de segurança pública também segue pendente.



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Casos Emblemáticos: Antonio Tavares
Eixos: Terra, território e justiça espacial