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Indígenas do Baixo Tapajós ocupam secretaria especial em Santarém para denunciar descaso na saúde


Indígenas ocupam desde a manhã de segunda-feira (6) a Secretaria Especial de Saúde Indígena, em Santarém (foto: divulgação)

Desde a manhã desta segunda-feira (6), representantes de 13 povos indígenas do baixo Tapajós ocupam a sede da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai) na cidade de Santarém, Oeste do Pará. O movimento denuncia o aumento dos casos de morte por falta de atendimento, uma vez que a Sesai tem se recusado a atender indígenas da região. Vivem no Baixo Tapajós 74 famílias de 13 etnias,  que somam cerca de 7 mil indígenas.

Participam da ocupação indígenas Tapajó, Tupaiu, Tapuia, Munduruku, Munduruku-Cara Preta, Maytapu, Tupinambá, Arapium, Arara Vermelha, Jaraqui, Apiaká, Kumaruara e Borari, liderados pelo Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (Cita).

A falta de atendimento diferenciado para os povos da região já foi motivo de outra ocupação do prédio da Sesai, em agosto de 2016. Os manifestantes exigiam o cadastramento das famílias, inclusão de indígenas do Baixo Tapajós Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), postos de saúde nas aldeias e contratação de médicos e profissionais especializados em saúde indígena.

Na ocasião, o líder indígena Poró Borari foi preso de forma arbitrária, acusado de cárcere privado. Foi solto no dia seguinte. Os indígenas que tentaram registrar a repressão policial ainda tiveram seus celulares confiscados. O processo foi apenas arquivado em maio deste ano, após denúncias do Ministério Público Federal sobre as ilegalidades na repressão.

O cadastro faz famílias já havia sido determinado em decisão judicial de dezembro de 2015, mas até agosto de 2016, nenhuma medida tinha sido tomada. Segundo os indígenas, até o momento foram realizados apenas o cadastro parcial das famílias.

Apoio

Os indígenas também pedem o apoio da população nas mobilizações. Sem previsão de saída, pedem a doação de alimentos e de água para que a ocupação se mantenha. As doações podem ser levadas na Sesai, que fica na Avenida Afonso Pena esquina com Tocantins, no bairro do Santíssimo, em Santarém.

Leia o comunicado do movimento sobre a ocupação:

COMUNICADO À POPULAÇÃO

Nós, os 13 povos indígenas do baixo Tapajós (Tapajó, Tupaiu, Tapuia, Munduruku, Munduruku-Cara Preta, Maytapu, Tupinambá, Arapium, Arara Vermelha, Jaraqui, Apiaká, Kumaruara e Borari ) liderados pelo CITA - Conselho Indígena Tapajós/Arapiuns, informamos que desde a manhã de hoje (06/08) estamos ocupando a sede da SESAI - Secretaria Especial da Saúde Indígena, em Santarém, na Avenida Afonso Pena esquina com Tocantins, no bairro do Santíssimo.

Acampamos em nome de todos os 7 mil parentes que vivem nas nossas aldeias. A luta é para garantir o nosso direito à saúde diferenciada que não está sendo respeitado.

Só vamos sair daqui quando tivermos a garantia que todos parentes serão atendidos com qualidade e a tempo pela SESAI.

Chega de morte nas aldeias por falta de atendimento!

Pedimos o apoio de toda população! Precisamos, principalmente, de alimentação e água.

Contamos também com  a presença dos parentes e apoiadores para fortalecer ainda mais nossa luta.

Surara!



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Ações: Defensores e Defensoras de Direitos Humanos

Eixos: Política e cultura dos direitos humanos